ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 28-03-2005.
Aos
vinte e oito dias do mês de março de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Comassetto, Carlos Todeschini, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Haroldo de
Souza, José Ismael Heinen, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Margarete Moraes,
Mario Fraga, Neuza Canabarro, Professor Garcia e Raul Carrion. Ainda, durante
a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha,
Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino
Besson, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Maristela Maffei,
Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulo
Odone, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Nona, Décima e
Décima Primeira Sessões Ordinárias que, juntamente com as Atas da Sexta, Sétima
e Oitava Sessões Ordinárias, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo
Vereador Alceu Brasinha, o Pedido de Providências nº 389/05 (Processo nº
1758/05); pelo Vereador Aldacir Oliboni, a Indicação nº 012/05 (Processo nº
1618/05); pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº
238/04 (Processo nº 5838/04); pelo Vereador Mario Fraga, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 070/05 (Processo nº 1461/05); pelo Vereador Maurício Dziedricki,
os Pedidos de Providências nos
390, 391, 392, 393, 394, 395, 396, 397, 398 e 407/05 (Processos nos 1766, 1767, 1768,
1769, 1770, 1771, 1772, 1773, 1774 e 1794/05, respectivamente) e o Pedido de
Informação nº 072/05 (Processo nº 1763/05); pela Vereadora Mônica Leal, o
Pedido de Providências nº 402/05 (Processo nº 1784/05); pelo Vereador Nereu
D’Avila, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 003/05
(Processo nº 1369/05); pela Vereadora Neuza Canabarro, a Indicação nº 015/05
(Processo nº 1752/05); pelo Vereador Raul Carrion, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 074/05 (Processo nº 1507/05); pelo Vereador Sebastião Melo, o
Projeto de Resolução nº 076/05 (Processo nº 1761/05). Ainda, foi apregoado
Requerimento de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, deferidos pelo Senhor
Presidente, solicitando desarquivamento do Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 016/04 (Processo nº 5501/04). Do EXPEDIENTE, constaram os
Ofícios nos 043, 044, 045, 046, 047, 048, 050 e 051/05, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre; s/nº, do Senhor Patrus Ananias de Souza,
Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Em GRANDE EXPEDIENTE, a
Vereadora Margarete Moraes criticou a atuação do Deputado Severino Cavalcanti
como Presidente da Câmara dos Deputados e questionou a linha editorial seguida
pela Revista Veja, principalmente no que se refere à análise de assuntos de
conteúdo político e sociológico. Finalizando, abordou a proposta de reforma do
ensino universitário defendida pelo Governo Federal, declarando que a educação,
a cultura e a arte são direitos fundamentais de cidadania. O Vereador Carlos
Todeschini comentou a Lei Municipal nº 8.896/02 e o Decreto Municipal nº
13.927/02, que normatizam a instalação de Estações de Rádio-Base em Porto
Alegre, e o Requerimento nº 084/05, de sua autoria, que busca a constituição,
nesta Casa, de uma Comissão Especial de segurança pública. Ainda, reportou-se
ao Veto aposto pelo Governo Estadual à proposta do Deputado Estilac Xavier, que
excluía a água dos serviços abrangidos pelo Programa de Parcerias
Público-Privadas. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Manuela d’Ávila registrou a
presença, em Porto Alegre, da Senhora Nilcéa Freire, Secretária Especial de
Políticas Públicas para a Mulher. Também, analisando a reforma universitária
proposta pelo Governo Federal, citou o transcurso, hoje, do Dia Nacional de
Lutas da União Nacional dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas, lembrando a morte do estudante Edson Luiz, ocorrida em março de
mil novecentos e sessenta e quatro. A Vereadora Maristela Maffei discorreu
sobre a intervenção federal ocorrida em hospitais da Cidade do Rio de Janeiro,
tendo em vista problemas enfrentados pelo sistema público de saúde daquele Município.
Nesse sentido, avaliou a situação observada nesse setor em Porto Alegre, em
especial quanto a atendimentos médicos especializados, defendendo uma maior valorização
da área da saúde no interior do Estado, para que não seja sobrecarregada a rede
hospitalar da Cidade. O Vereador Professor Garcia manifestou-se contrariamente
ao Projeto em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado, que aumenta
alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, afirmando que
será apresentada Emenda visando a limitar o aumento originariamente proposto. Ainda,
asseverou que os Vereadores devem participar ativamente do debate sobre a
questão, em face da representatividade e do poder de pressão exercido por esses
Parlamentares. O Vereador Ervino Besson divulgou atividades empreendidas nesta
Casa pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, relatando visita
efetuada por seus integrantes ao Senhor Idenir Cecchim, Secretário Municipal da
Produção, Indústria e Comércio, no dia vinte e dois de março do corrente.
Igualmente, citou discussões realizadas, relativas à segurança pública e à
viabilidade de implantação, em Porto Alegre, de um Programa Municipal de Defesa
do Consumidor. O Vereador Paulo Odone conclamou os Senhores Vereadores a
realizar discussões mais focadas no desenvolvimento de Porto Alegre,
sustentando que a questão da revitalização do Centro é um dos principais
assuntos a serem debatidos. Em relação ao assunto, defendeu uma profunda
reavaliação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental e citou áreas
do Centro que necessitam de mudanças, como o Cais do Porto, a Estação
Rodoviária e a orla do Guaíba. Na ocasião, por solicitação do Vereador João
Carlos Nedel, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao
Monsenhor Severino Brum, ex-pároco da Igreja da Sagrada Família, falecido no
dia vinte e quatro de março do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João
Carlos Nedel homenageou a vida e a obra do Monsenhor Severino Brum, lembrando
que Sua Reverência já havia recebido o Título de Líder Comunitário deste
Legislativo. Ainda, referiu-se à previsão de que o Departamento de Esgotos Pluviais
– DEP – inicie em abril as obras do “Conduto Forçado Álvaro Chaves” e registrou
sua participação na Comissão Estadual que irá avaliar o projeto de
revitalização “Porto dos Casais”. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em
1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 015/03, 102 e
234/04, 054, 058, 068, 069 e 075/05, os Projetos de Lei do Executivo nos
016/99, 081/02, 013, 020, 025, 027, 028, 030, 032, 033, 034, 035, 038, 046,
048, 049, 052, 054, 063 e 040/04, este discutido pelo Vereador Professor
Garcia, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 005/05; em 2ª Sessão, os Projetos
de Lei do Legislativo nos 226 e 341/03, 053 e 063/05, os Projetos de
Lei Complementar do Legislativo nos 008 e 007/05, este discutido
pelos Vereadores Carlos Todeschini, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto,
Professor Garcia e Margarete Moraes, os Projetos de Lei do Executivo nos
005/05 e 066/04, este discutido pela Vereadora Margarete Moraes, o Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 013/03; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 342/03, 038 e 050/05, os Projetos de Lei do
Executivo nos 021 e 049/03, 002, 037, 041 e 045/04, o Projeto do Lei
Complementar do Executivo nº 014/03, o Projeto de Resolução nº 070/05; em 4ª
Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 004/05. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Elias Vidal parabenizou a campanha pela doação de sangue realizada
pelo Projeto Mais Vida, destacando seu rápido crescimento e agradecendo o apoio
dado a esta iniciativa por órgãos públicos estaduais e municipais. Nesse
sentido, comemorou o número de doadores cadastrados por este programa e
aplaudiu a iniciativa do Vereador Elói Guimarães, que, juntamente com outros
servidores da Casa, doaram sangue na semana passada. O Vereador Mario Fraga
cumprimentou os Vereadores Elias Vidal e Elói Guimarães pelo apoio ao Projeto
Mais Vida e informou visita do Senhor José Fortunati, Secretário Estadual da
Educação, a duas escolas no Bairro Belém Novo, onde foram constatados problemas.
Também, defendeu os Projetos de Lei do Legislativo nos 063/05, que
inclui a Festa do Ridículo no calendário de eventos oficiais de Porto Alegre, e
070/05, que define a política municipal de apoio ao cooperativismo. O Vereador
João Carlos Nedel registrou a realização, na última sexta-feira, da procissão
em homenagem à Paixão de Cristo, no Morro da Cruz, e examinou uma série de
problemas que indicam a necessidade de mudanças no comportamento da humanidade.
Ainda, congratulou o Vereador Aldacir Oliboni pela sua atuação nesse evento.
Finalizando, felicitou o Vereador Elias Vidal pelo seu apoio ao Projeto Mais
Vida e posicionou-se contrariamente à possibilidade de legalização da prática
do aborto. O Vereador Bernardino Vendruscolo agradeceu o convite recebido do
Movimento Tradicionalista Gaúcho, para participar, amanhã, de ato em homenagem
à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Também, posicionou-se favoravelmente à
aprovação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 007/05, alegando que
o Programa de Orçamento Participativo deve ser regido por lei e opinando que
seu funcionamento desregrado pode dar margem a manipulações políticas. A
Vereadora Maristela Maffei pronunciou-se a respeito de deficiências existentes
no atendimento público de saúde no Estado, que acabam se refletindo em Porto
Alegre, sustentando ser necessária uma inversão de prioridades na aplicação dos
recursos públicos estaduais. Ainda, examinou criticamente o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 007/05, de autoria do Vereador Bernardino
Vendruscolo, que propõe a institucionalização do Programa de Orçamento Participativo.
A Vereadora Clênia Maranhão convidou a todos para o 42º Congresso de
Vereadores, Assessores e Técnicos Legislativos e para a posse da nova diretoria
da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul, amanhã, na Assembléia Legislativa
do Estado. Ainda, reafirmou a posição do Prefeito José Fogaça em manter o
Programa de Orçamento Participativo e garantiu que o Executivo Municipal
manterá a realização de obras pendentes, aprovadas em consulta popular. O
Vereador Raul Carrion leu Editorial da página da internet intitulada Portal Vermelho,
a respeito dos acordos firmados entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional
– FMI, alegando que o texto expressa a opinião do Partido Comunista do Brasil,
contrária à renovação do atual acordo firmado entre o País e o FMI. Em relação
ao assunto, teceu considerações sobre a posição do Senhor Luiz Inácio Lula da
Silva, Presidente da República, contrária à renovação desse acordo. O Vereador
Luiz Braz contraditou pronunciamento da Vereadora Maristela Maffei, em relação
a críticas feitas ao Projeto de Lei de autoria do Vereador Bernardino
Vendruscolo, que propõe institucionalização do Programa de Orçamento
Participativo. Também, contestou a nomeação do Senhor Romero Jucá como Ministro
da Previdência Social, mencionando matéria publicada no jornal Folha de São
Paulo de hoje, que questiona operações fiscais realizadas por Sua Senhoria. A
seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o
Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, aditado pelas Vereadoras
Maristela Maffei e Clênia Maranhão e pelo Vereador Ervino Besson, solicitando
alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em
Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 005/04, em sua parte vetada, considerando-se mantido o Veto
Parcial a ele aposto, por quatorze votos SIM, doze votos NÃO e seis ABSTENÇÕES,
após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Sebastião Melo, Márcio Bins
Ely, Luiz Braz e Paulo Odone, e encaminhado à votação pelos Vereadores Raul
Carrion e Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha,
Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maristela Maffei, Maurício
Dziedricki, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon, Não os Vereadores
Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro,
José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela
Meneghetti, Mônica Leal e Paulo Odone e tendo optado pela Abstenção os Vereadores
Bernardino Vendruscolo, Dr. Goulart, Ervino Besson, Nereu D'Avila, Neuza
Canabarro e Professor Garcia. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 005/04, os Vereadores João Carlos Nedel, José Ismael Heinen e
Sofia Cavedon cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores
Sebastião Melo, Paulo Odone e Adeli Sell. Também, durante a apreciação do Projeto
de Lei Complementar do Legislativo nº 005/04, o Vereador Elói Guimarães afastou-se
da Presidência dos trabalhos, nos termos do artigo 22 do Regimento. Em seguida,
foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Luiz Braz, solicitando
alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi
aprovado o Requerimento nº 071/05 (Processo nº 1377/05 – Realização de Sessão
Solene para homenagear os sessenta anos do “Dia da Vitória”), de autoria do
Vereador José Ismael Heinen, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
José Ismael Heinen e Raul Carrion. Em votação, esteve o Requerimento nº 074/05
(Processo nº 1480/05 – Seja encaminhada Moção de Solidariedade à Assembléia
Legislativa pela rejeição do Veto aposto pelo Governador Germano Rigotto ao §
2º do artigo 2º do Projeto de Lei nº 027/04), o qual, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Carlos Todeschini, Sebastião Melo, José Ismael Heinen,
Manuela d'Ávila, Professor Garcia e Sofia Cavedon, teve sua votação suspensa,
em face da inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e quinze
minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, em verificação
solicitada pela Vereadora Maristela Maffei, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e João Carlos Nedel e secretariados
pelo Vereador Claudio Sebenelo, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Claudio
Sebenelo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Passamos ao
A Verª Margarete
Moraes está com a palavra em Grande Expediente.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Exmo. Sr. Elói Guimarães, Presidente desta Casa; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, todas as pessoas que nos prestigiam com suas
presenças neste período do Grande Expediente, em primeiro lugar, eu gostaria de
me manifestar dizendo que o nosso País, infelizmente, não vive um momento
político iluminado ou luminoso. Vive um momento político ensombrecido, porque o
Presidente da Câmara Federal, a terceira autoridade do nosso País, o Deputado
Severino, insiste em passar a idéia para todo o Brasil de que todos os
políticos que ele simboliza, principalmente os Parlamentares, são pessoas sem
educação, sem decoro, sem civilidade; são pessoas despreparadas, nepotistas,
que querem resolver sempre em primeiro lugar os problemas das suas famílias,
que querem ampliar vantagens pessoais. E ele passa a idéia de que todos nós
confundimos aquilo que é público com aquilo que é privado, o que nós sabemos
que é uma postura lamentável para quem ocupa o lugar que já foi de um Ulysses
Guimarães.
Na verdade, a eleição
do Deputado Severino desgasta o Governo Federal, muitos mudaram o voto naquela
madrugada, pretendendo apenas desgastar o Governo do Presidente Lula. Mas,
muito mais do que isso, desacredita todas as instituições, desacredita a
democracia, a sobriedade e a ética política no nosso País. Eu tenho certeza de
que a maioria dos Parlamentares não se espelha em Severino. Mas ele, sendo um
símbolo dos Parlamentares do Brasil, passa isso para a imprensa.
Também gostaria de
fazer uma referência ao mundo da comunicação, da mídia, acho que também não se
vive, nesse caso, nenhum momento luminoso no nosso País. Quero citar
especificamente, objetivamente, a revista Veja, que considera da maior
relevância publicar um suposto romance do nosso querido compositor, músico,
Chico Buarque de Holanda, com uma mulher casada. Eu creio que o Chico Buarque,
maior compositor, maior poeta do Brasil, Verª Maristela, tem o direito de
namorar todas as mulheres que ele queira, e que elas queiram. Mas o que não
pode é uma revista confundir mais uma vez o que é público com aquilo que é
privado.
Também a revista Veja
traz na capa, na manchete, que as FARC, essa organização colombiana, teria -
teria, este é o verbo - feito uma doação de cinco milhões de reais ao PT na
campanha de 2002, dinheiro provindo dos narcodólares. E, quando a gente lê, a
matéria desacredita a manchete, porque diz que não encontrou indícios
suficientes, sólidos. Isso deu capa, deu manchete, oito páginas da revista Veja
e também rendeu alguns discursos nesta Casa, rendeu alguns discursos na Câmara
Municipal de Porto Alegre. Como se o Partido dos Trabalhadores tivesse de
provar que não recebeu nenhuma contribuição das FARC. Eu quero dizer que o
Partido dos Trabalhadores não tem de provar nada, quem tem que provar, quem tem
o ônus da prova é quem fez essa denúncia. Então, exatamente para não ser
processada, a revista Veja diz que só são indícios.
E muitos políticos,
talvez inspirados em Severino, trabalham com muitas idéias, insinuações e
maldades, mas não dizem com objetividade o que eles estão pensando. Então, aqui
há muitas insinuações para confundir as pessoas que assistem ao Canal 16, para
confundir a população de Porto Alegre, principalmente naquilo que toca a essa
bendita herança que o Governo João Verle, que o Governo da Administração
Popular deixou aqui, quando a gente vê naqueles cálculos erros contábeis, muita
coisa dita para confundir as pessoas, mas não chegam a dizer isso, não chegam a
dizer aquilo.
Mas, apesar desses
momentos que eu considero absolutamente nebulosos, eu queria abordar
afirmativamente - eu sou uma otimista - dois fatos que engrandecem a história
do Brasil, que renovam a nossa esperança de futuro, principalmente no que diz
respeito ao ensino, ao direito à educação das crianças, dos jovens e dos
adultos neste País. Quero parabenizar, com muita sinceridade, a UBES - União
Brasileira de Estudantes Secundários -, Verª Neuza Canabarro, porque se
encontraram em Brasília e fizeram um seminário, com um grande esforço, um
esforço fundamental, para que essa reforma democrática da educação brasileira
seja votada, finalmente, no Congresso, para que haja uma transformação.
E aí é importante
dizer que, com muita paciência, com muita persistência, o Governo Lula, nesse
caso dirigido pelo Ministro da Educação, nosso companheiro Tarso Genro, tem
estabelecido um grande diálogo com todos os sujeitos desse processo: estudantes
de todos os níveis, dos secundaristas até os universitários; trabalhadores da
Educação, professores, funcionários que trabalham na área da Educação e
sociedade em geral.
Posso ficar apenas em
um dado, o dado de que apenas 9% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos
freqüentam a universidade. Em sendo o Ministério da Educação absolutamente
comprometido com o futuro do Brasil, com uma nação democrática, coesa,
inclusiva, com uma nação com menos desigualdades sociais, ele coloca na cena,
sim, essa discussão, o debate e uma proposta de transformação do ensino visto
desde o fundamental, o ensino médio e o ensino universitário como uma única rede,
que deve ser vista de maneira global.
Nós, do Partido dos
Trabalhadores, temos certeza de que a educação, a cultura, a arte são direitos
sociais, intransferíveis e inalienáveis, cuja essência não pode submeter-se aos
sabores do mercado. E aqui tem sido a grande dificuldade do Ministro Tarso
Genro nesse embate com a privatização do ensino, porque todas as pessoas,
independentemente da situação, condição social, etnia ou qualquer questão, elas
têm direito ao acesso a esse mundo, a esse universo do conhecimento que
acontece na universidade; todas as pessoas têm direito a conhecer esse mundo da
melhor maneira possível e de serem sujeitos da própria história e da própria
vida.
Em segundo lugar,
quero-me referir à Conferência Nacional de Educação e Cultura - o Ver. Elói
Guimarães me deu a honra de representá-lo em Brasília -, promovida pela
Comissão de Educação e Cultura da Câmara, e os dois eventos, um realizado pelos
estudantes e outro pelos Deputados de todos os Partidos políticos, Verª
Manuela, comprovam o significado, a importância que esses temas hoje têm e como
sensibilizam a sociedade brasileira. Inclusive, na última pesquisa que foi
feita sobre o Governo Federal, os índices mais altos foram ligados à educação.
Como falei antes, nos
dois casos, no caso da UBES e da Comissão da Câmara Federal, a ênfase vai da
educação básica até a Reforma Universitária. Nós sabemos que essas reformas não
iniciam do zero, já existia o Fundef, que foi importante, que fez a sua parte,
mas que hoje está superado e merece um novo fundo, o Fundeb, que está para ser
votado nestes dias na Câmara Federal, porque facilita o acesso dos estudantes.
Eu poderia me referir
a vários programas que já acontecem no MEC, como o Programa Brasil
Alfabetizado, criado em 2003. Ele atinge alunos, jovens e adultos a partir dos
15 anos, superou metas de combate ao analfabetismo e acontece em parceria com
as Prefeituras do Brasil.
Eu quero citar aqui
uma visita que fiz à Escola Chico Mendes, a uma turma do Professor Hamilton,
que trabalhava com o EJA, e o alto padrão, o alto nível daqueles alunos.
O tempo é pouco, vou
citar mais dois programas e gostaria de vir aqui outra vez, Verª Sofia Cavedon,
para falar de todos esses programas do Ministério da Educação, sobretudo
daquilo que diz respeito à educação de ensino superior e que merece também um
aprofundamento nesta Casa de parte de todos os Vereadores e Vereadoras, merece
que todos os cidadãos e cidadãs de Porto Alegre tenham conhecimento dessa
proposta e, sinceramente, participem dessas transformações, porque há 36 anos
não havia mudança na Educação no Brasil.
A última mudança veio
do acordo MEC-USAID, ainda no tempo da ditadura, e agora há todo um princípio
de democratização do ensino, de facilitação, para que todos tenham acesso e
possam construir um novo Brasil para o nosso País. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com
a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo da Verª Maria Celeste.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Meu caro Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, assistência do Canal 16, eu queria agradecer a
Verª Maria Celeste a cedência de seu tempo e, por oportuno, trago a esta
tribuna um assunto que diz respeito à autoridade desta Casa. Há 36 meses,
aproximadamente, foi aprovada, aqui, a Lei nº 8.896/02, mais precisamente em 26
de abril de 2002, que dispõe sobre a instalação de estações de radiobase,
equipamentos afins de rádio, televisão, telefonia e telecomunicações em geral
no Município de Porto Alegre e dá outras providências, bem como o Decreto do
Poder Executivo, do Sr. Prefeito Municipal, Decreto nº 13.927, de 18 de outubro
de 2002, que sistematiza o regramento de padrões urbanísticos, sanitários e
ambientais para a instalação de estação de radiobase - ERB -, equipamentos
afins de rádio, televisão e telecomunicações em geral, com base na Lei nº
8.896, de 26 de abril de 2002.
Trago esse assunto à
tribuna porque no dia 30 de abril, conforme regulamentação de Decreto,
extingue-se o prazo dado àquelas empresas operadoras que estão instaladas em
locais não-regulares ou àqueles que ainda não se adequaram às normativas dessa
lei. E, diga-se de passagem, trata-se de uma das leis mais completas, mais
eficazes e uma das leis mais importantes não só desta Cidade, mas de todo o
Brasil e da América Latina. Ela diz respeito à proteção da saúde das pessoas
que podem estar sujeitas à ação das ondas eletromagnéticas, especialmente nos
pontos frágeis, aqueles situados próximos a escolas, próximos a edifícios, a
supermercados e a outras atividades de grande concentração de pessoas. Pois
existe um sem-número de equipamentos que necessitam - e necessitavam na época
da aprovação dessa lei - de adequação, quer sejam mudanças técnicas, mudanças
de instalações para respeitar e resguardar as distâncias e a localização -
devem ficar afastadas tanto das edificações quanto das escolas -, e é
necessário haver um resguardo mínimo, uma distância de 500 metros de antena a
antena, independentemente da operadora. Isso tudo feito com o apoio, com a
sustentação técnica, o abalizamento e as garantias dos melhores técnicos da
nossa Universidade Federal, de todos os especialistas no assunto, assim
criou-se uma lei exemplar para o Município de Porto Alegre.
Portanto, estamos trazendo
esse assunto à tribuna porque faltam pouco mais de trinta dias para vencer o
prazo de adequação dessas empresas e desses equipamentos, no sentido de que se
adeqúem à lei, sob pena de nós vermos aqui uma importante decisão desta Casa
ser desconhecida. Estamos cobrando isso do Sr. Prefeito Municipal e do Sr.
Secretário Municipal do Meio Ambiente, responsável pela fiscalização, pelo
enquadramento e por dar as garantias de aplicação da lei, conforme ela mesma
preconiza. Dia 30 de abril é o prazo limite para aquelas empresas, para aqueles
equipamentos que não estejam adequados à Lei e ao Decreto em vigor desde 2002.
Estamos aqui fazendo
esta manifestação e a repetiremos durante todas as oportunidades que tivermos na tribuna para que a lei
seja atendida. Afinal, as leis são feitas para serem atendidas e, sobretudo,
para protegerem a Cidade e a cidadania. E, como se trata de uma questão de alto
interesse público, sobretudo no aspecto de Saúde Pública, de proteção à saúde
das pessoas, de controle das ondas eletromagnéticas emitidas por esse tipo de
equipamento, nós vamos ser enfáticos e permanentes na cobrança, para não
dizerem depois que não avisamos.
Há uma outra questão que trago também. Nós fizemos um Requerimento, já o protocolamos, para a instalação da Comissão Especial de Segurança Pública com o objetivo de implementar ações que possibilitem estancar a ascensão da violência e da criminalidade em Porto Alegre. Isso com base na grande e representativa reunião que tivemos aqui, há poucos dias, com a liderança do Dr. Mathias Nagelstein e outros, que causou um grande impacto, acentuando a necessidade das providências. E a providência mais urgente que esta Casa pode tomar é a instalação dessa Comissão Especial que trata de encaminhamentos, providências e medidas na direção de estancar a violência e envolver esta Casa com profundidade nos assuntos imediatamente relativos à questão do combate à violência e à criminalidade.
E o terceiro assunto que trago aqui é relativo à nossa Moção, que está
presente. E faço um apelo a esta Casa para que possamos votá-la, a fim de
enviar a manifestação, como forma de pressão, à Assembléia Legislativa, porque
lá tramita o Projeto da Parceria Público-Privada, que esteve em Pauta na semana
passada. O Projeto não foi votado, tornou-se objeto de grande polêmica,
assumindo proporções ainda maiores após aquela Sessão, tendo em vista, de um
lado, a particularidade da estiagem por que nós passamos no Estado e, de outro,
o debate de mérito acerca da questão do envolvimento da Parceria Público-Privada
nos serviços de água.
Na Assembléia, o Projeto de autoria do Deputado Estilac Xavier retira os
serviços de água da Parceria Público-Privada; a água é vista como questão de
saneamento, Saúde Pública, que não pode ser objeto de cobiça, que não pode ser
objeto de ganância, nem de lucro, mas, sim, Ver.
Dr. Goulart, objeto de Saúde Pública, objeto de garantia de qualidade de vida,
de conforto, de bem-estar e de inclusão social. E eu falo com autoridade sobre
esse assunto porque fiz essa disputa também com o Governo Federal, o qual é do
meu Partido. Eu a fiz, e a minha posição é pública - já está publicada em
várias revistas especializadas da área, como a Revista Bio, da Editora Aviz,
bem como em outras revistas. E nós temos estudos feitos pela Assemae,
entidade da qual sou Vice-Presidente Nacional até hoje, que afirmam e comprovam
que a Parceira Público-Privada com relação aos serviços de água e saneamento
custam ao cidadão praticamente o dobro do que se forem feitos pelo Poder
Público, quer seja por empresa estadual ou por empresa municipal.
E a água, como é um
bem essencialíssimo, necessário para a saúde, para o bem-estar, para a
qualidade de vida, para a inclusão social, deve ser, sim, um objeto garantido
como bem público e social, e não como um objeto para ganância, para lucros e,
fundamentalmente, para os poderosos interesses de grandes multinacionais e do
capital financeiro internacional. E o que está por trás disso, da Parceria
Público-Privada, nos serviços de água e saneamento, são os interesses da
ganância e da cobiça, e não o interesse de atender à população. Por que fazer
pelo meio privado, se pelo meio público é feito pela metade do preço? Não há
outra explicação. O Estado tem tarifa, sim - e eu tenho experiência nesse
assunto por ter administrado o DMAE por três anos e meio -, pode, tem condições
de distribuir com aquilo que é cobrado da população, água para todos a partir
de uma visão, de uma ótica social. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Passamos às
A Verª Manuela
d’Ávila está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo deste
Vereador.
A SRA. MANUELA
D’ÁVILA: Exmo Sr. Presidente, Ver. Elói
Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, todos que nos assistem
pelo Canal 16 e aqueles que estão nas galerias da Câmara, em primeiro lugar, eu
gostaria de agradecer a V. Exª a gentileza em ceder o seu espaço para que eu
faça uso da palavra.
Eu gostaria de
registrar a presença, hoje, na nossa Capital, da Secretária Especial de Políticas
Públicas para a Mulher, a Ministra Nilcéia Freire, que nos orgulha com o seu
trabalho, desenvolvendo políticas transversais avançadas em todas as áreas do
nosso Governo, do Governo do companheiro Lula. Hoje, aqui no nosso Estado, na
nossa Capital, a Ministra cumpre uma agenda em que, mais uma vez, nos
posicionamos ao lado, lutando conjuntamente com as mulheres do nosso País, da
nossa Cidade, por um mundo de igualdade de direitos, por um mundo em que as
mulheres e os homens sejam diferentes, mantenham as suas diferenças, mas não
sejam mais desiguais.
Eu gostaria de
registrar - e hoje faço uso da palavra fundamentalmente por isso - que, no dia
28 de março de 1968, nós tivemos o primeiro jovem estudante morto pela ditadura
militar, o estudante Edson Luiz de Lima Souto. Completam-se 37 anos da sua
morte, que, para mim, desde que comecei a militar no movimento estudantil, é um
marco, é um símbolo da resistência e da luta de uma geração pela democracia.
Mas completam-se também 37 anos das lutas dos estudantes por uma outra
universidade, por um País de igualdade, por um País onde a democracia seja um
instrumento que consiga gerar mais direitos para mais, maiores e crescentes
parcelas da população.
Ao se completarem 37
anos da morte do Edson Luiz - hoje é o dia nacional de lutas da União Nacional
dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas -, nós não
podemos nos furtar de fazer os debates do nosso tempo, os debates da minha
geração, essa geração de jovens que tem o Edson Luiz como referência, que tem a
trágica morte desse jovem no Restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, como um
símbolo. Nós não podemos nos furtar de travar as nossas batalhas, que não
passam mais pelo combate ao inimigo comum, às mãos duras e sanguinárias da
ditadura militar, mas que passam, sim - e continuam, em determinado sentido -,
pelo mesmo sonho daquele jovem, do jovem Edson, que acreditava que podia
construir uma outra educação para os brasileiros e para as brasileiras.
Hoje, mais uma vez,
volto a esta tribuna em homenagem à passagem dos 37 anos da morte de Edson,
para trazer o debate da reforma da educação superior no nosso País e a minha
completa incompreensão...aliás, compreendo bem, mas, cada vez que trato de
compreender, faço-me mais surpresa e mais chocada com a resistência das elites
do nosso País em travar esse debate de uma maneira franca, construtiva, para
que possamos, de fato, beneficiar os brasileiros e as brasileiras, os jovens,
os 91% de jovens que a Verª Margarete Moraes pontuou anteriormente que não estão
presentes na universidade brasileira.
Nós podemos ver uma
série de matérias na revista Veja, e essas matérias são semanais, fazem parte
da mesma periodicidade dessa revista que mais uma vez se posiciona ao lado da
elite neoliberal do nosso País, desse setor que, não convencido da derrota que
sofreu - a derrota que o povo lhe impôs com a vitória de Lula -, tenta
construir ou continuar construindo uma universidade pública que não beneficia
os brasileiros, que é cada vez mais privada e soma-se, nesse momento, aos
grandes meios de comunicação e ao setor privatista do ensino brasileiro para
conclamar a juventude a lutar contra a Reforma Universitária. Mas os jovens,
desde 1968, desde antes disso, não se deixaram ludibriar, não se deixaram
enganar pelos poderosos. A nossa juventude sabe que precisamos aprovar esse
anteprojeto da Reforma Universitária e fazê-lo mais avançado do que já é. E nós
precisamos honrar, sim, os estudantes como Edson Luiz que foram mortos lutando
por um Brasil de democracia, porque nós, essa juventude de 2005, de 2006, de
2007, continuamos lutando pelo sonho de um Brasil democrático. E um Brasil
democrático é um Brasil com os nossos jovens na sala de aula, com os nossos
jovens tendo seus direitos garantidos. Muito obrigada, Sr. Presidente.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com
a palavra em Comunicações.
A SRA. MARISTELA
MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu quero hoje me referir a um tema nacional que está em todos os
jornais, é notícia no País. Foi necessária a intervenção do Governo Federal nos
hospitais do Rio de Janeiro para que o povo daquela Cidade, daquele Estado,
tivesse condições de atendimento. Foi necessária a montagem de um hospital de
campanha, em parceria com a Marinha, como num estado de emergência, e
certamente o é. A cidade do Rio de Janeiro, Sr. Presidente, possui a maior rede
pública de hospitais do País e mesmo assim apresenta esse quadro gravíssimo. O
que podemos perguntar neste momento diz respeito ao que ouvimos muito aqui na
época da campanha, quando se dizia que o grande problema da Saúde, em Porto
Alegre, não era financeiro, e sim um problema de gerência. Em relação ao que
está acontecendo no Rio de Janeiro, temos de perguntar: será que lá é um
problema de gerenciamento? Será que é questão de falta de recurso ou de
seriedade? São partes de critérios da Saúde. Aqui em Porto Alegre os que
gerenciam a Saúde fazem parte do mesmo conjunto dos que administram o Rio de
Janeiro, são parceiros políticos, de orientação, de gerenciamento, e nós, com
certeza, temos que começar a temer. Digo isso baseado em quê? O Prefeito Fogaça
falava, Verª Margarete Moraes, semana passada, no canal sete da televisão, que
o grande problema na Saúde, hoje, era a questão do acúmulo de consultas
especializadas - nós também sempre tivemos essa preocupação. Agora, para o
Prefeito Fogaça é bem mais fácil, Ver. Elias Vidal, resolver. Por quê? Se, por
exemplo, ele conversar com o Vice-Prefeito, que é do seu Partido, este pode
ajudar a resolver um problema sério, estancando a questão, por exemplo, da
política da ambulancioterapia ou das casas que aqui estão para acolhimento
desses doentes. Iniciamos, no Governo Olívio Dutra, esse trabalho de
descentralização, com equipamentos, pessoal, mas, com a entrada do Governo
Rigotto, isso foi totalmente desmantelado - não dá para responsabilizar apenas
uma pessoa, pois é uma política, uma proposta. Na medida em que
potencializarmos o interior do Estado para que os doentes não venham para cá,
certamente o Prefeito Fogaça terá muito mais condições do que nós tivemos, até
porque quem faz esse tipo de política são justamente os seus aliados de
Governo, como é o caso do Vice-Prefeito de Porto Alegre. Nós, sim, estamos
muito preocupados, porque - e o Ver. Dr. Goulart sabe melhor do que ninguém -
não podemos brincar, não se pode fazer uma disputa quando a questão é saúde.
Por isso V. Exª teve
todo o nosso apoio, Ver. Dr. Goulart, quando manteve a coerência, aqui nesta
tribuna, em relação às críticas que fazia anteriormente, com as quais, em
muitas questões, não concordávamos, mas V. Exª queria que fosse implementado. E
de fato a gente viu que era muito mais uma demagogia eleitoral do que
propriamente uma política de responsabilidade para se colocar em prática. Por
isso o que está estabelecido neste jornal (Mostra o jornal.) não é uma falácia,
são fatos. Nós sentimos muito isso no Estado do Rio Grande do Sul e não
queremos que ocorra aqui em Porto Alegre, porque encampamos, como o Presidente
Vargas, a responsabilidade do Município. Nós queremos fazer muito mais e
apostamos, inclusive, que a fala do Prefeito Fogaça em campanha seja traduzida,
seja colocada em prática. Nós, assim como V. Exª , Ver. Dr. Goulart, estamos
vigilantes, atentos. Estamos temerosos de que possa ocorrer um retrocesso no
avanço que tivemos nesses dezesseis anos na cidade de Porto Alegre. Muito
obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com
a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com a Verª Mônica Leal.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, vou tratar de um assunto que não diz respeito especificamente a
esta Casa, mas a todos os cidadãos e cidadãs do Rio Grande do Sul. Será votada,
nesta semana, a proposta de redução do ICMS de 30% para 29%, e os Partidos de
esquerda, capitaneados pelo PT, PSB e PCdoB, na Assembléia, estão apresentando
uma emenda para reduzir de 30% para 25%, ou seja, para ficar a mesma alíquota que
estava antes.
Mas eu gostaria de
fazer um cálculo com os senhores e com as senhoras, porque na imprensa fala-se
muito que o acréscimo foi de 5% - de 25% para 30%. Mas de 25% para 30%, na
realidade, o acréscimo é de 18%, e é nisso que eu gostaria que os senhores e as
senhoras prestassem atenção, porque, a partir de 1º de abril, todos os gaúchos
e gaúchas estarão pagando mais 18% no combustível, na telefonia e na energia
elétrica.
Ora, fala-se tanto em
tributação e impostos, e o Rio Grande do Sul vai, mais uma vez, a parir do dia
1º de abril, tributar. E aí, quando eu falo em tributar, é para todos, não
existe exceção, porque o aumento dos combustíveis reflete em toda a cadeia, e o
aumento da energia elétrica também.
Então, é uma chance
rara e ímpar de tentar reverter esse quadro. Mas os senhores e as senhoras
poderiam dizer: “Esse assunto está sendo debatido e discutido na Assembléia,
não serão os Vereadores e Vereadoras que vão votar.” Mas é importante lembrar
que nós, Vereadores e Vereadoras da cidade de Porto Alegre, representamos mais
de um milhão de habitantes. E eu tenho certeza de que há mais de um milhão de
habitantes insatisfeitos e indignados que não querem esse aumento de 18% que
vai ser tributado na conta de luz no final do mês, que vai estar lá cada vez
que forem utilizar o posto de combustível, ou quando forem pagar a passagem de
ônibus, vai estar também no telefone celular, no telefone convencional. É isso
que se quer? Não é! Então, esta Casa tem o dever e a responsabilidade de fazer
essa discussão, já que representamos aqui um milhão de habitantes.
Então, senhoras e
senhores, cada um de nós tem uma representação, cada um de nós representa uma
Bancada, e temos influência sobre os nossos Parlamentares e Deputados. É
importante, então, fazer essa conversa, porque não está definida a situação
junto à Assembléia Legislativa. Agora, uma coisa, para mim, como Vereador, como
cidadão de Porto Alegre, como rio-grandense, é muito clara: eu não quero, mais
uma vez, ser tributado com um novo tarifaço da energia elétrica, um novo
tarifaço do telefone, um novo tarifaço do combustível. Volto a dizer que a
Assembléia terá uma grande chance de fazer uma redução, e nós temos de estar
atentos, conduzindo isso junto à população de Porto Alegre para o Rio Grande. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também pelo Canal 16, da
TVCâmara, eu queria saudar todos.
Na última
terça-feira, a Comissão da qual faço parte - e me honra muito ser Presidente da
Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos - vai trabalhar em cima da
segurança pública. A totalidade dos Vereadores e Vereadoras componentes da
Comissão fez uma visita à SMIC: este Presidente; a Vice-Presidente, Verª Maria
Celeste; o Ver. Bernardino Vendruscolo, a Verª Margarete Moraes e o Ver.
Maurício Dziedricki. Lá fomos atendidos de uma forma muito cordial pelo
Secretário Idenir Cecchin. Nós debatemos alguns assuntos e colocamos a nossa
Comissão à disposição da Secretaria. A Secretaria, do mesmo modo; o Secretário
foi muito gentil, colocou a Secretaria à disposição da nossa Comissão, até pela
linha de trabalho da Secretaria com a Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos.
A opinião de todos os
Vereadores é que essa visita foi extremamente importante, muito oportuna.
Inclusive, creio que as Comissões aqui da Casa, não só a nossa, mas as outras -
pois temos mais cinco Comissões -, deveriam também sair daqui da Casa e fazer
uma visita aos órgãos que a Comissão achar necessário. Acho isso extremamente
válido e muito importante para discutir os problemas da Cidade.
E nós discutimos,
também, de uma forma muito clara, a respeito do Procon Municipal. Vamos
trabalhar em cima disso aqui nesta Casa, nesta Legislatura, principalmente
neste ano, para que possamos, sim, criar o Procon Municipal, porque já existe,
inclusive, um apontamento do Ministério Público para que ele seja criado.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Exatamente, eu
queria confirmar que existe um processo no Ministério Público, inclusive eu fui
chamado, quando eu era Secretário. A proposta da formação do Procon veio para
cá, é uma proposta articulada pela Verª Clênia Maranhão com a Prefeitura
Municipal e o Fórum de Defesa do Consumidor, em nível Estadual. Eu acho o Projeto,
sinceramente, praticamente “abotoado”, pronto; agora depende de um acerto entre
nós e o Governo para que isso aconteça. Não tenho nem como cobrar agilidade
porque fui Governo muito tempo e sempre defendi o Procon Municipal quando
estava na situação. Vou continuar com a mesma postura, dando tempo ao tempo,
mas acho que este ano nós temos que fazer o Procon Municipal e, com a ajuda da
sua Comissão, eu tenho certeza de que nós o faremos. Conte com a minha
militância no sentido da instalação do Procon em Porto Alegre.
Sabemos que nós temos
o Procon Estadual, mas está com uma carga de trabalho muito grande. Então, sem
dúvida nenhuma, o Procon Municipal, aqui na cidade de Porto Alegre, vai prestar
um relevante trabalho para a população da nossa Cidade, e, como já disse, vai
aliviar o trabalho do nosso Procon Estadual. Deveremos aqui, nos próximos dias
- vai depender de um acerto que vamos fazer com a nossa Comissão e com as
outras Comissões aqui da Casa, porque nós temos de ampliar essa discussão,
abrir essa discussão para todos os Vereadores e Vereadoras - fazer uma
audiência pública para ouvir entidades, como o Ministério Público e outras
diversas entidades que têm interesse em colaborar também com as suas opiniões
para podermos, neste ano, criar o Procon Municipal. Acho que ele é uma grande
necessidade da nossa querida Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Paulo Odone está com a
palavra em Comunicações.
O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero
falar sobre um tema bem da nossa Cidade. Eu tenho orgulho deste mandato que
estou desempenhando nesta Casa. Ainda há pouco fui interpelado por um cidadão
porto-alegrense, uma das lideranças das associações, dos comitês preocupados
com a Cidade, preocupados com o Centro da Cidade. Perguntaram-me se eu era
porto-alegrense. Sim, eu nasci aqui, na esquina da Rua João Telles com a Av.
Independência. Nasci, vivi, fui moleque de pé no chão e hoje sou um homem da
terceira idade vivendo com orgulho na minha Cidade, da qual sou Vereador.
Quero dizer aos
senhores que eu gostaria muito - e faria um convite - que a Câmara concentrasse
o seu foco na nossa Cidade. Nós temos uma oportunidade ímpar de mudá-la
positivamente, de incentivá-la. Nós temos um Prefeito que se elegeu - e eu me
comprometi com o seu projeto global - na esperança de conservar o que está bom
e mudar, avançar naquilo em que não se avançou. E, dentro desse avançar e mudar
o que não se mudou, está o mudar a regulação do uso e do perfil da nossa
Cidade, a começar por um compromisso muito específico: a revitalização do
Centro da nossa Cidade. O Centro não pode ser examinado isoladamente, temos de
pensar que as conseqüências da revitalização ou as condições para a
revitalização estão interagidas com as modificações e a atualização do nosso
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
Eu participei do
Conselho do Plano Diretor por muitos anos representando a OAB, sei o quanto o
nosso Plano tinha uma vocação de ser reavaliado a cada cinco anos, mas não o
foi. A oportunidade de uma profunda reavaliação está aqui, com uma urgente
tarefa e cobrança desta Câmara ao Executivo para que ponha imediatamente em
ação o plano de revitalização do Centro e que esta Casa seja o fórum
fundamental para fazer o elo entre a sociedade porto-alegrense, a cidadania
porto-alegrense, e os órgãos técnicos essenciais a esse processo do Executivo
na Prefeitura. Esta Casa é um fórum de debate polivalente, por excelência
plúrimo, e essa questão do Plano Diretor e da revitalização do Centro não pode
ser ideológica nem partidária, ela nos atinge a todos, de todas as maneiras. E
quem fala em uma Cidade auto-sustentável, com o meio ambiente preservado, com
inclusão das camadas que estão hoje excluídas do processo econômico da Cidade,
tem que objetivamente se preocupar em acelerar esse processo.
Por isso, quero dizer
aos senhores que olho com o maior carinho e respeito, Presidente, para que a
Comissão de Reavaliação do Plano Diretor seja instalada e passe a agir, para
que possamos, junto com as Secretarias do Executivo e com o compromisso do
Prefeito, avançar rapidamente. Vejo a iniciativa do Ver. Ibsen, de pedir a
instalação da Comissão de Revitalização do Centro, como fundamental nesse
processo. Todos nós sabemos identificar os problemas que estão ali: começamos
pelo Cais do Porto - e nós vimos esses problemas, em outras cidades do mundo,
serem atacados, solucionados, serem instrumentos de progresso -, passa pelo “shopping
dos excluídos”, pelo camelódromo, Ver. Adeli; passa pelos projetos do
Monumenta, passa pela acessibilidade das ruas do Centro, passa pela Rodoviária,
passa pela revitalização da orla do Guaíba, do Navegantes até a divisa sul. E o
Secretário Estadual dos Transportes diz que não há mais problema para a
utilização do Cais aqui no Centro, o de Navegantes já está apto, está
desembaraçado.
O meu convite aos
Srs. Vereadores é para que abracemos isso, transformemos o foco principal desta
Casa no compromisso de mudar a Cidade, seja no seu Centro, seja no seu Plano
Diretor, e não que nós a retalhemos aos poucos, à medida que as propostas, às
vezes de bom senso, aparecem, mas que possamos assumir um compromisso plúrimo,
acima das ideologias e das questões partidárias. É a minha proposta e a minha
extrema vontade que a Casa assim trabalhe. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. JOÃO CARLOS
NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito um minuto de silêncio em homenagem ao Monsenhor Severino Brum, que
faleceu na quinta-feira. Ele foi líder comunitário, com uma distinção desta
Casa por relevantes serviços prestados à comunidade de Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Deferimos o pedido. Srs.
Vereadores e Sras Vereadoras, em pé, prestaremos homenagem ao
Monsenhor Severino.
(Faz-se um minuto de
silêncio.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com
a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Mônica Leal.
O SR. JOÃO CARLOS
NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, homenageamos agora com um minuto de silêncio a vida e a obra do
Monsenhor Severino Brum, que muito trabalhou pela solidariedade de Porto
Alegre, foi pároco, durante 47 anos, na Paróquia Sagrada Família, ali na Av.
José Bonifácio, onde introduziu em Porto Alegre o Encontro de Casais com
Cristo; o Encontro de Jovens, CLJ; o Encontro de Adolescentes, Objetivo Novo de
Apostolado, o ONDA; construiu uma creche que atende 150 crianças de famílias
carentes em Porto Alegre; constituiu, também, uma Fundação de Solidariedade.
Por proposição deste Vereador, há sete anos, ele recebeu o Título de Líder
Comunitário nesta Casa. Perde a nossa Capital uma pessoa solidária. No dia em
que a Eucaristia foi instituída, na Quinta-Feira Santa, ele veio a falecer.
Apresentamos os pêsames à sua família e à comunidade de Porto Alegre,
especialmente à Paróquia Sagrada Família.
Sr. Presidente,
finalmente, na primeira quinzena de abril, deve iniciar a grande obra que vai
resolver o problema de alagamento dos bairros São Geraldo, Moinhos de Vento,
Floresta e Rio Branco, que é a construção do Conduto Forçado Álvaro Chaves.
Estivemos com o Diretor do DEP, Ernesto Teixeira, que nos recebeu de braços abertos,
ele está-se colocando à disposição da comunidade para informar todos os
desdobramentos dessa grande obra que, realmente, irá afetar o trânsito, a
mobilidade de, aproximadamente, cem mil pessoas em Porto Alegre. O DEP se
coloca à disposição da comunidade - de preferência via associações de moradores
- para detalhar o andamento da obra e o tempo que ela irá afetar a sua moradia,
a sua rua.
Foi elaborado um cronograma muito bem-feito que
estará à disposição dos contribuintes de Porto Alegre, especialmente dos
moradores do entorno ou da parte da Cidade que será diretamente afetada por
essas obras. Depois de muito tempo de planejamento e prorrogação, finalmente a
obra começa, isso é um ótimo sinal. Também é um ótimo sinal o Governador do
Estado ter instituído uma Comissão para tratar do assunto do Porto dos Casais,
da relocalização do cais da Av. Mauá para o cais Navegantes, do aproveitamento
daquela área para fins culturais e turísticos. Eu tenho a honra de representar
a Casa nessa Comissão que pretende revitalizar aquela área e tornar uma grande
atração turística da nossa querida Porto Alegre, que, semana passada, comemorou
233 anos. Eu gostaria de cumprimentar o Sr. Governador do Estado que está
propondo essa Comissão.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria perguntar
a V. Exª se há lugar para a oposição participar dessa Comissão?
O SR. JOÃO CARLOS
NEDEL: Já foi designado o representante, inclusive foi a
meu pedido, porque nós pretendemos colaborar fortemente. Mas não abrimos mão da
sua colaboração, que eu tenho certeza de que será eficiente e eficaz. Obrigado.
(Não revisado
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR (Art. 151 do
Regimento)
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC.
2401/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 016/99, que autoriza a permuta de próprio
municipal por área localizada na Av. Protásio Alves para fins de execução de
obras do 1º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e dá outras providências. Com
Emenda n.º 01.
PROC.
3799/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 081/02, que revoga a Lei n.º 6.276, de 21 de
dezembro de 1988. (revogação/utilidade pública)
PROC.
N.º 2369/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 013/04, que altera
parte do art. 1.º da Lei n.º 7.265, de 17 de junho de 1993, e dá outras
providências. (descrição/imóvel)
PROC.
N.º 3786/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 025/04, que revoga a
Lei n.º 3.732, de 21 de dezembro de 1972, que declarou de utilidade pública a
Sociedade Beneficente “O Bom Redentor”.
PROC.
N.º 3788/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 027/04, que revoga a
Lei n.º 5.767, de 11 de julho de 1986, que declarou de utilidade pública o
Centro de Estudos Professor Álvaro Barcellos Ferreira.
PROC.
N.º 3789/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 028/04, que revoga a
Lei n.º 4.018, de 18 de setembro de 1975, que declarou de utilidade pública o
Grupo Espírita Lar Francisco de Assis.
PROC.
N.º 3791/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 030/04, que revoga a
Lei n.º 4.256, de 30 de dezembro de 1976, que declarou de utilidade pública o
Instituto Brasileiro de Planejamento - I.B.P.
PROC.
N.º 3831/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 032/04, que revoga a
Lei n.º 3.877, de 02 de junho de 1974, que declarou de utilidade pública o
Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri.
PROC.
N.º 3832/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 033/04, que revoga a
Lei n.º 5.582, de 18 de junho de 1985, que declarou de utilidade pública o
Grêmio Esportivo Bagé.
PROC.
N.º 3857/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 034/04, que revoga a
Lei n.º 4.475 de 31 de outubro de 1978 que declarou de utilidade pública a
Associação Brasileira de Combate ao Alcoolismo.
PROC.
N.º 3892/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 035/04, que desafeta
parte de área de praça cadastrada sob n.º 73/1 e autoriza sua permuta por
fração ideal de imóvel pertencente à sucessão de Luiz Bidino Termignoni e recuo
viário do imóvel n.º 3060 da Av. Cristóvão Colombo.
PROC.
N.º 3930/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 038/04, que altera e dá
nova redação às descrições dos imóveis constantes nos artigos 1.º e 2.º da Lei
n.º 8.363, de 21 de outubro de 1999, que autorizou a desafetação de uso
especial de imóvel do domínio público municipal e permuta entre passagem de
pedestre de propriedade de Condor - Empreendimentos Imobiliários S/A, para
relocalização da passagem de pedestres localizada na quadra 154 com frente para
a Av. Dr. Nilo Peçanha.
PROC.
N.º 4059/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 040/04, que altera e dá
nova redação à ementa e ao art. 1.º da Lei n.º 8.153, de 11 de maio de 1998,
que declarou de utilidade pública a Kinder Physioglobal – Sociedade
Assistencial de Reabilitação.
PROC.
N.º 4752/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 046/04, que desafeta do
uso de bem comum do povo a passagem de pedestres número 02, do Loteamento Três
Figueiras e autoriza a alienação da referida área aos lindeiros e dá outras
providências.
PROC.
N.º 5356/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 052/04, que autoriza
alienação de próprio municipal localizado na Rua Professor Carvalho de Freitas,
ao lado do n.º 480, ao lindeiro Breno Antonio Echeveste Prestes.
PROC.
N.º 5446/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 054/04, que revoga a
Lei n.º 3.273, de 19 de junho de 1969, que declarou de utilidade pública o
“Movimento Assistencial de Porto Alegre - MAPA”; a Lei n.º 5.793, de 29 de
outubro de 1986, que declarou de utilidade pública o “Grupo do Amor Perfeito”;
a Lei n.º 4.207, de 03 de dezembro de 1976, que declarou de utilidade pública o
“Clube dos Flautistas do Rio Grande do Sul”; a Lei n.º 6.478, de 30 de outubro
de 1989, que declarou de utilidade pública a “Sociedade Espírita de Umbanda
Tupinambá das Matas Virgens”; a Lei n.º 4.652, de 27 de novembro de 1979, que
declarou de utilidade pública a “Associação de Pais e Amigos da Criança da
Creche e Centro de Cuidados Diurnos da Vila Restinga”; a Lei n.º 4.975, de 13
de novembro de 1981, que declarou de utilidade pública a “Associação
Beneficente dos Estivadores Aposentados de Porto Alegre - ABEAPA”; a Lei n.º
4.287, de 09 de junho de 1977, que declarou de utilidade pública a “Escola de
Radiotelegrafia Imperial” e a Lei n.º 5.785, de 17 de outubro de 1986, que
declarou de utilidade pública a “FENAMORSC - Federação Nacional das Entidades
de Moradores de COHABs”.
PROC.
N.º 5785/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 063/04, que autoriza a
desafetação e alienação da passagem de pedestres n.º 7 do Loteamento Três
Figueiras, localizada entre as ruas Indianópolis e De La Grange.
PROC.
N.º 3277/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 020/04, que altera e dá
nova redação ao “caput” do art. 1.º e ao § 1.º do art. 4.º, todos da Lei n.º
9.187 de 30 de julho de 2003, que autorizou a alienação aos
lindeiros Adolpho Kurth Hanke, Elizabeth Campana Souza Lima, Adriana Mota da
Silva Barcellos e Vicente Ferreira de Lima, de imóvel próprio municipal,
localizado no Loteamento Três Figueiras, destinado a passagem de pedestres
número 05, entre as Ruas Desembargador Hugo Candal e Coronel Assis e dá outras
providências.
PROC. N.º 2301/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 102/04, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que institui o Programa
de Recuperação de Créditos do Município de Porto Alegre (REFIS).
PROC.
N.º 1282/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 058/05, de autoria do
Ver. DJ Cassiá Gomes, que institui o Projeto Domingo Alegre no Município de
Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC.
N.º 1438/05 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 005/05, de autoria do
Ver. João Antonio Dib, que inclui dispositivos nos artigos 56 e 58 da Lei
Orgânica do Município de Porto Alegre, atribuindo competência às Comissões
Permanentes da Câmara Municipal para a discussão e votação de projetos de
denominação de próprios municipais, vias e logradouros públicos.
PROC.
N.º 1447/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 069/05, de autoria da
Ver.ª Neuza Canabarro, que denomina Rua Leocadio de Almeida Antunes um
logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema Green.
PROC. N.º 0847/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 015/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua José
Luiz Martins Costa um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro
Mário Quintana.
PROC.
N.º 5264/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 048/04, que declara de
utilidade pública a “Associação Comunitária Crescendo Juntos”.
PROC.
N.º 5265/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 049/04, que declara de
utilidade pública o “Clube de Mães Amizade”.
PROC.
N.º 5645/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 234/04, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Jardim dos Coqueiros o logradouro
cadastrado, conhecido como Beco dos Coqueiros, localizado no Bairro conhecido
como Passo das Pedras.
PROC.
N.º 1259/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 054/05, de autoria do
Ver. Aldacir Oliboni, que denomina os seguintes logradouros não-cadastrados,
localizados no Bairro Belém Novo: Rua Pierre Bourdieu, Rua Rosa Mística,
Travessa Orlando Rocha, Rua Joffre Veríssimo, Rua Leonardo Freitas da Cunha,
Rua Mahicon José Librelato da Silva,
Rua Aide Luz de Freitas, Rua Jacinto de Freitas, Rua
Chico Xavier, Rua Alypio José Nogueira.
PROC.
N.º 1441/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 068/05, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que concede o título honorífico de Cidadã de Porto
Alegre à Senhora Maria Eugênia Campinho Pereira Hübner.
PROC.
N.º 1523/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 075/05, de autoria do
Ver. Elias Vidal, que institui a Semana da Conscientização da Doação de Sangue
no Município de Porto Alegre.
2.ª SESSÃO
PROC. N.º 3845/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 226/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que
declara de utilidade pública a Sociedade Partenon Literário.
PROC.
N.º 4422/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 341/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Executivo Municipal a realizar o plantio
de árvores frutíferas em todas as praças e parques da cidade de Porto Alegre. Com
Substitutivo n.º 01.
PROC.
N.º 6977/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 013/03, que altera a
Lei Complementar n.º 434/99, acrescentando o mapa da malha viária básica do
Município e estabelecendo diretrizes para rede multimodal de transporte público
de Porto Alegre. (desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC.
N.º 5800/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 066/04, que denomina
Vicente Rao o Complexo Cultural do Porto Seco de Porto Alegre.(desarquivado
pela Ver.ª Margarete Moraes)
PROC.
N.º 0121/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 007/05, de autoria do
Ver. Bernardino Vendruscolo, que institucionaliza o Orçamento Participativo no
âmbito da Administração Municipal; cria o Conselho Municipal do Orçamento
Participativo e dá outras providências.
PROC.
N.º 0125/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 008/05, de autoria do
Ver. Bernardino Vendruscolo, que cria o Conselho Superior de Cultura
Tradicionalista Gaúcha no Município de Porto Alegre, estabelece sua composição
e define suas atribuições de órgão administrador do Parque Maurício Sirotsky
Sobrinho.
PROC.
N.º 1350/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 063/05, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que inclui a Festa do Ridículo no Calendário de Eventos
Oficiais de Porto Alegre.
PROC. N.º 1246/05 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 053/05, de autoria da
Ver.ª Maria Celeste, que
altera a redação do art. 1.º e revoga o art. 3.º da Lei n.º 9.607, de 21 de
setembro de 2004, que fixa os subsídios mensais dos Vereadores de Porto Alegre
e a ajuda de custo da Presidência da Câmara Municipal para a XIV Legislatura,
período de 1.º de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2008, definindo critérios
para os reajustes dos subsídios durante a XIV Legislatura.
PROC.
N.º 1522/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 005/05, que altera a
redação do art. 7º da Lei n.º 9.772, de 27 de janeiro de 2005, que cria, na
Administração Centralizada do Município, a Secretaria Municipal da Juventude e
autoriza o Executivo Municipal a abrir créditos adicionais necessários ao
funcionamento da mesma.
3.ª SESSÃO
PROC. N.º 2899/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 021/03, que institui Área Especial de Interesse Social AEIS II para
regularização do loteamento clandestino situado na Estrada Octávio Frasca n.os
1.568 e 1.578 - Morada das Flores. (desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC.
N.º 4448/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 342/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre incentivo fiscal às empresas que
admitem empregados com idade superior a 50 (cinqüenta) anos e dá outras
providências.
PROC.
N.º 6978/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 014/03, que altera a
Lei Complementar n.º 434/99, compatibilizando-a com o Estatuto da Cidade, Lei
Federal n.º 10.257/01.
(desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC.
N.º 0287/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 002/04, que desafeta
da destinação de uso comum do povo próprio municipal para fins de regularização
fundiária através de concessão de Direito Real de Uso. (desarquivado pelo Ver. Carlos
Comassetto)
PROC.
N.º 3894/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 037/04, que institui
Área Especial de Interesse Social, na Categoria de AEIS II, na gleba situada na
MZ 08, EUE 050, com vistas à regularização de loteamento irregular situado na
Estrada Edgar Pires de Castro, 9.780, e dá outras providências. (desarquivado pelo Ver. Carlos
Comassetto)
PROC.
N.º 0841/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 038/05, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre
ao Professor Hélgio Henrique Casses Trindade.
PROC.
N.º 1165/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 050/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que altera a redação do art. 1º da Lei n.º 1.566, de 31
de dezembro de 1955, que denomina Estrada João Salamoni, corrigindo-a
ortograficamente para Estrada João Salomoni.
PROC.
N.º 6244/03 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 049/03, que institui
Área Especial de Interesse Cultural – AEIC, na gleba situada na MZ 08, UEU 052,
subunidade 01 da Lei Complementar n.º 434/99 – PDDUA, com vistas a assentar
Comunidade Kaigangue, localizada na Estrada João de Oliveira Remião, n.º 9735,
Bairro Agronomia.
(desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC.
N.º 4060/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 041/04, que desafeta a
área de praça da quadra “D” do Loteamento dos Servidores da Carris, situada na
Vila Rio Branco, no Bairro Santa Tereza. (desarquivado pelo Ver. Carlos
Comassetto)
PROC.
N.º 4751/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 045/04, que aprova
projeto urbanístico para área da Rua Voluntários da Pátria abrangida pelo
Programa Integrado Entrada da Cidade.
(desarquivado pelo Ver. João Antonio Dib)
PROC.
N.º 1318/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 070/05, de autoria da
Ver.ª Maristela Maffei, que concede o Prêmio “Construtor da Paz” à Comissão
Pastoral da Terra (CPT).
4.ª SESSÃO
PROC.
N.º 1408/05 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 004/05, de autoria do
Governo Municipal, que altera e dá nova redação ao inciso I do §6º, e ao inciso
I do § 7º, todos do art. 121 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
(prazo/plurianual)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, telespectadores do Canal 16, eu venho a
esta tribuna para debater o PLCL nº 007/05, Processo nº 0121/05, de autoria do
Ver. Bernardino, sobre a institucionalização do Orçamento Participativo.
Esse Projeto, assim
como outros parecidos, me preocupa, porque ele traz à tona um debate que nega
aquilo que foi dito, aquilo que foi prometido, aquilo que foi afirmado,
reiteradas vezes, pelo atual Prefeito de nossa Cidade. O Prefeito, na época de
campanha, afirmou, categoricamente, que algumas coisas seriam mantidas. E,
entre as coisas que seriam mantidas, ele afirmou que o Orçamento Participativo
tal qual ele é, com as mesmas normas, com as mesmas regras, com o mesmo
regimento, seria mantido.
Nós ouvimos agora, na
manifestação anterior, o Ver. João Carlos Nedel falando sobre a importância da
obra do Conduto Forçado Álvaro Chaves, obra essa esperada há 30 anos ou mais,
projetada desde 1941, por ocasião da grande enchente, que integra o sistema de
proteção contra as cheias em Porto Alegre. Esse projeto tem a sua execução
iniciada neste momento graças a toda uma negociação - que levou mais de cinco
anos - feita pelo Governo anterior. É uma obra que vai ultrapassar os custos
dos 40 milhões de reais, e, graças à boa situação financeira de Porto Alegre,
isso foi possível ser incluído no projeto do financiamento da 3ª Perimetral.
Então, isso é uma coisa boa do Governo anterior que fica, que permanece, que é
reafirmada e que é anunciada como uma grande vitória da Cidade. Isso é muito
importante.
Agora, o Projeto
sobre o Orçamento Participativo aqui apresentado nega essa promessa, nega
aquilo que foi dito pelo Prefeito vencedor, pela coligação vencedora, nas
palavras e pela boca do Prefeito. O Orçamento Participativo proposto, como está
contido no teor do Projeto do Ver. Bernardino, não só se afasta, como distorce,
destoa e nega todo o bom acúmulo, toda a tradição, inclusive o principal
elemento que trouxe à cidade Porto Alegre o Fórum Social Mundial, pela
experiência inovadora, pela experiência cidadã, Ver. Nedel, pela experiência
democrática, pela boa tradição da inovação, da moderna sociologia, da moderna
política, da democracia, trazendo à cidadania a efetiva participação.
Num determinado dia,
eu estava em uma reunião, no Sarandi, e um cidadão muito humilde, liderança de
uma associação, dizia: “Como é importante o processo desta Cidade”. Nós não
tínhamos, na época da ditadura militar, nenhuma participação. O povo nunca era
ouvido! Quando o Dr. Collares foi Prefeito, ele começou a abrir o processo para
a participação. Nós começamos a ter direito, a ter voz. Criaram-se os
Conselhos. Nós tínhamos direito a participar dos Conselhos. Nós éramos ouvidos,
e a Administração Popular deu um passo adiante. Isso é natural que aconteça, um
Governo superar outro Governo no espaço, no tempo, a partir dos erros, a partir
dos acertos, das experiências. Isso é muito importante!
O que não podemos é
voltar para trás. Essa idéia da institucionalização do Orçamento, uma idéia
recorrente que vai e vem, é uma idéia que regride porque aqueles avanços que
conseguimos são incontestáveis e têm de ser mantidos, eles têm de andar na
direção de um futuro. Podem ser trazidas mais contribuições, podem ser trazidas
melhorias, mas que não seja trazido o retrocesso. Aquelas palavras me
impressionaram muito, Ver. Neuza, quando aquela pessoa humilde disse: “Nós
nunca tivemos vez na época da ditadura”. A gente sofria na política, apanhava
inclusive. Depois, o Dr. Collares começou a nos dar oportunidade. Isso marcou
profundamente, e a gente via que isso era sincero por parte daquela pessoa.
Depois veio o
Orçamento Participativo, que pode ser melhorado, mas que não deve ser
regredido, que não deve ser manietado, pois o Orçamento tem as suas normas, tem
a sua regra, cuja natureza é a auto-regulamentação; os cidadãos, a comunidade,
ano a ano, produzem as suas normativas, produzem os acordos, produzem os
projetos, produzem as escolhas, e isso, sobretudo, produz um grande desenvolvimento
de consciência, que estimula, que anima, que provoca a cidadania ativa.
Eu creio que o
Prefeito vai ser coerente, vai manter as palavras afirmadas por diversas
ocasiões. E eu lembro, no último dia, quando surgiu um comentário no sentido de
que o Orçamento ia sofrer uma transformação; logo, logo, o Prefeito foi a uma
reunião, da qual eu participei também, e eu ouvi quando ele afirmou: “Será
mantido com as mesmas normas, as mesmas regras, o mesmo regimento e, de
preferência, o mesmo calendário dos anos anteriores”. Então, penso que a
coerência deve ser mantida, e é esse o desafio que nós estamos colocando.
A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Todeschini, eu
queria trazer um elemento que certamente o senhor já leu: é brutal a redução
que se faz neste Projeto a respeito da visão de participação popular, da vida
representativa, do canal direto que é o Orçamento Participativo. Ora, cinco
representantes do Orçamento Participativo! Hoje, são dois por regiões. Nós
temos 34 Conselheiros eleitos, mais os da Temática, mais os representantes dos
funcionários... Na verdade, reduz-se, propõem-se quatro representantes das
associações de bairros... Quer dizer, a gente conclui que há aqui uma visão
completamente distorcida ou, no mínimo, um desconhecimento do que é o Orçamento
Participativo.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Obrigada, Verª Sofia.
Para concluir, Sr.
Presidente, em média, durante esses anos, houve cerca de 15 a 20 mil pessoas,
Verª Sofia, participando ativamente todos os anos; e a maior obra que eles
fizeram foi o desenvolvimento da consciência, o despertar para a cidadania.
Isso é algo que fica, permanece e é passado para as futuras gerações. E é assim
que nós devemos pensar.
(Revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Ver. João Carlos Nedel, na presidência dos
trabalhos, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu ia pedir um aparte
quando o Ver. Todeschini estava falando, mas abri mão dessa prerrogativa - e
tenho certeza de que o Vereador ia me dar um aparte - para que ele e a Verª
Cavedon me ouçam um pouquinho.
O nosso Projeto não
trata daquilo que foi lido aqui, Verª Sofia Cavedon. A senhora não deve usar de
artifícios, como a senhora usou, lendo parte de um documento, sob pena de...
Acho que eu não poderia e não devo dizer que não é bom fazer isso. Nosso
Projeto mantém, Vereadora e Vereadores, os delegados do Orçamento
Participativo. Esses cinco representantes são Conselheiros, e nós temos como
objetivo fazer com que a sociedade, no seu todo, participe do Orçamento
Participativo, fiscalizando as suas obras. Por isso nós delimitamos a
participação; traz ali, em determinado momento, que esta Casa irá indicar
Conselheiros para fiscalizar. O Executivo irá indicar Conselheiros para
fiscalizar a execução das obras; os próprios delegados irão indicar
fiscalizadores da execução dessas obras, porque já chega o seu Governo, que
passou dezesseis anos enrolando o povo e deixou uma infinidade de obras não
concluídas. Por isso, como Vereador, pretendo ver o Orçamento Participativo
regulamentado para evitar essa exploração, essa manipulação política. Esse é o
objetivo.
E, mais uma vez,
senhoras e senhores: não há como não trazer à aprovação o regramento para o
Orçamento Participativo. Penso eu, que passei a vida toda fazendo crítica a
alguma coisa que não faz parte de lei, a alguma coisa que não tem um regramento
próprio, Verª Sofia Cavedon, que não posso, em hipótese nenhuma, omitir esse
comportamento, quando eu passei fazendo campanha política, prometendo que, se
eleito, ia, de qualquer forma, trabalhar para a aprovação de um regramento para
o Orçamento Participativo.
A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada, eu serei
muito breve, Vereador. Quero apenas registrar que li um dos sete artigos do seu
Projeto, o mais longo. Em dezesseis anos, manteve-se viva essa experiência, sem
força de lei. Ao contrário, na verdade, o processo de cidadania constrói e
reconstrói anualmente a própria lei, a própria regra e vai acumulando, e os
delegados existem e continuarão existindo.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Obrigado.
De qualquer sorte, eu
busco o apoio dos demais Vereadores. Evidentemente, eu sei que alguns
Vereadores, inclusive da base do Governo, já disseram que vão votar contra. Mas
eu faço a minha parte. Como é que eu vou fazer campanha política, prometer aos
eleitores e, depois, aqui, ter um outro comportamento?
O Sr. Mario Fraga: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, e faz
muito bem feito. Nós temos de trazer à tona o tema do Orçamento Participativo,
porque senão muita gente fica sem saber que há mais de quinhentas obras que
esse tal de Orçamento não executou ainda. Meus parabéns, Vereador!
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Eu também, até o momento, não
ouvi ainda o Prefeito dizer que não vai respeitar o Orçamento Participativo.
Outro dia eu já falei que há Vereadores que têm bola de cristal: adivinham o
futuro e fazem crítica por conta do futuro. Nós temos que ter um pouquinho mais
de calma.
O Sr. João Carlo
Nedel: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
O Sr. Prefeito deve obedecer às Leis que emanam desta Casa. Portanto, os
Vereadores têm a possibilidade de fazer a lei e as emendas que julgarem
convenientes.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Obrigado, Vereador, pela
brilhante participação.
Eu convido, então, o
Ver. Todeschini, que tem no seu cerne a crítica, para ajudar, para fazer uma
emenda, que não faça só a crítica, venha colaborar com a sua experiência de
dezesseis anos de Orçamento Participativo. E faço um apelo: antes da crítica,
colabore. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com
a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Prezado Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, eu quero cumprimentar o Ver. Bernardino pela coragem de trazer este
tema ao debate. Nós temos uma riqueza que nos permite discutir a essência e os
fundamentos da democracia.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Obrigado, Verª Maristela Maffei.
Diante disso quero
dizer que o Orçamento Participativo, para funcionar, não precisa de
regulamentação. Aqui está o seu Regimento Interno, construído nesses dezesseis
anos pelas comunidades; aqui está, Ver. Bernardino, o Orçamento Participativo,
o Plano de Investimento editado pelo Executivo Municipal, portanto, pelo seu
Governo, reconhecendo todas as obras que foram decididas no ano anterior. E,
por falar nisso, temos que calibrar os números e não vir aqui nestes microfones
dizer mentiras ou equívocos. O Orçamento Participativo, de 1990 a 2004, Ver.
Mário Fraga, decidiu por 5.312 obras; concluiu 4.346, o que equivale a 82%;
estão em andamento 642 obras e, não-concluídas, não-feitas, são 28 obras.
(Mostra documento.) Este documento está à disposição de todos os colegas para
aqui fazerem o debate.
Para concluir, esse processo é a riqueza que
colocou Porto Alegre no cenário mundial como a Capital Mundial da Democracia.
Dizendo isso, quero finalizar convidando todos para participarem, no dia 11 de
abril, no Estádio Tesourinha, da primeira plenária do Orçamento Participativo,
com a temática sobre a Educação. Portanto, companheiro Bernardino, da base
aliada do Governo Federal, convido-o para ir lá assistir e conhecer o que é a
temática do Orçamento Participativo.
O Sr. Bernardino
Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Obrigado, Ver. Comassetto, só falta agora V. Exª me chamar de
companheiro, mas, em nenhum momento, este Vereador está contradizendo aquilo
que o Sr. Prefeito disse; em nenhum momento ele disse que não vai cumprir o Orçamento
Participativo. A nossa diferença, Vereador, é que nós não somos mandados pelo
nosso Prefeito, nós respeitamos o nosso Prefeito e temos certeza de que ele nos
respeitará também como Casa independente. Essa é a diferença.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Concluindo, eu diria que o que está equivocado é o
seu conceito: democracia participativa é uma coisa, e democracia representativa
é outra. A democracia participativa não precisa de auto-regulamentação para
existir com a essência que precisa ter. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com
a palavra para discutir a Pauta.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, vou-me deter em dois Projetos no período de Pauta de hoje.
O primeiro é um
Projeto de Lei do Executivo que altera e dá nova redação à ementa e ao art. 1º
da Lei nº 8.153, de 11 de maio de 1998, que declarou de utilidade pública a
Kinder Physioglobal - Sociedade Assistencial de Reabilitação. É importante os
Vereadores e Vereadoras que ainda não conhecem a Kinder fazerem uma visita para
verem o trabalho que essa entidade, de forma gratuita, através de seus inúmeros
voluntários, faz com as crianças portadoras de necessidades especiais. Muitas
vezes, esse local serve para o acompanhamento da família, para o acompanhamento
da instituição e também de local onde as crianças podem fazer a sua única
refeição. Então, queremos parabenizar o Executivo por fazer essa alteração que
é necessária para utilidade pública receber subsídios tanto em nível estadual,
municipal e federal por intermédio da Kinder, por esse trabalho que eles
realizam.
E o segundo Projeto -
eu já tive oportunidade de discuti-lo - trata de um tema bastante palpitante. O
Ver. Bernardino está propondo a institucionalização do Orçamento Participativo.
Este Vereador já colocou - e o Ver. Bernardino sabe a posição - que a cada
eleição, eu já disse isso, a população delega ao Prefeito uma procuração para
que ele decida, junto com a sua equipe de trabalho, no caso os seus
Secretários, a forma de melhor fazer a gestão do Município. Durante dezesseis
anos, o Orçamento Participativo foi um modelo de gestão. Eu já disse que não
sei se é o melhor modelo de gestão. Particularmente, reafirmo que o PSB sempre
entendeu que deveria ter mais regiões, um número de participantes, para fazer
com que as temáticas fossem mais localizadas. Não conseguimos o nosso intento.
Agora, querer especificar esse modelo? Eu volto a dizer, o mundo é dinâmico.
Daqui a um ano, será esse o melhor modelo? A riqueza do Orçamento Participativo
é essa interação, porque ela se dá por intermédio da própria sociedade no seu
todo.
Ao mesmo tempo, V.
Exª propõe a criação do Conselho Municipal do Orçamento Participativo, e até
sugiro que desmembre esse Projeto, faça um novo Projeto da criação do Conselho.
Volto a frisar que sou um daqueles que defendem o Conselho. Está tramitando na
Casa um Projeto de Lei da Verª Neuza Canabarro sobre a criação Conselho de
Segurança Escolar, e eu vou votar a favor, apesar de o Prefeito José Fogaça ter
vetado aqui o Conselho Municipal da Juventude. Eu vou falar tantas vezes quanto
for possível, porque até agora não me convenci daquele Veto. Acatei-o, por
decisão da maioria, mas não consegui entender a sua razão. Naquela
oportunidade, coloquei que mais de catorze Vereadores já tinham apresentado o
Projeto - e foram aprovados -, e aqui há nove Vereadores apresentando Projetos
de Conselhos. E eu vou fazer questão de que sejam aprovados. E espero que o meu
caso não seja um casuísmo, porque aí eu vou ficar muito bravo, aí eu vou achar
que é uma tendência pessoal e não quero levar para esse lado.
Mas vou votar a favor
da criação de novos Conselhos, porque entendo que, como se diz, Conselho é algo
mais para subsidiar um trabalho de uma Secretaria ou de alguma ação. Portanto,
somos a favor do Conselho, mas contra o Projeto do Vereador quando ele propõe a
institucionalização do Orçamento Participativo. Mas é um bom tema, quero
parabenizá-lo por trazer, mais uma vez, essa discussão à Casa, porque acho que
esta é a riqueza e a contribuição que V. Exª pode dar. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Margarete Moraes está com
a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu quero dizer que considero uma função do Parlamentar, em qualquer
nível, propor a discussão e o debate de todos os assuntos das esferas
municipal, estadual, nacional e internacional. Ver. Ibsen Pinheiro, eu li no
jornal Zero Hora que V. Exª vai apresentar um Projeto, junto com o Ver. João
Antonio Dib, que impede Moções em âmbito nacional ou internacional. Saiu isso
no jornal Zero Hora, e eu discordo, porque creio que fere a liberdade de
expressão dos Vereadores e das Vereadoras e, também, dá uma visão muito
provinciana da questão política, como se cada cidade ou cada Estado fosse uma
ilha isolada.
O Sr. Ibsen Pinheiro:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento da
oradora.) O jornal foi muito sucinto, não foi equivocado. Na verdade, a minha
proposta apenas retira da deliberação do Plenário, o que até facilita a
tramitação.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Mas não foi isso que o jornal noticiou, o jornal
equivocou-se.
O Sr. Ibsen Pinheiro: Em uma releitura, a Vereadora perceberá que está dito que retira de
deliberação.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Teremos grande satisfação em discutir essa questão
com Vossa Excelência.
Eu quero falar, em
nível municipal, num Projeto de autoria do então Prefeito João Verle que coloca
no complexo cultural Porto Seco o nome de um grande carnavalesco, o Vicente
Rao, que é uma unanimidade em relação a esse povo, porque conferiu brilho,
conferiu dignidade ao carnaval do ponto de vista dos blocos, dos cordões, dos
clubes sociais, dos carnavais de rua, do carnaval no seu todo. Eu quero dizer
ao Ver. Haroldo de Souza que isso não susta o nome do Carlos Alberto Roxo na
Pista de Eventos, nem o nome do Betinho, que foi uma proposta do Ver. Haroldo
para o recuo da bateria.
Em relação ao Projeto
do Ver. Bernardino, por favor, Vereador, permita-nos discordar das suas idéias,
do seu Projeto. Vossa Excelência não precisa se irritar, ofender-se. Por
exemplo, a Verª Sofia Cavedon discorda não de V. Exª, mas das suas idéias. Nós
temos uma crítica e temos, sim, uma proposta alternativa. E a nossa proposta é
o Orçamento Participativo como já aconteceu nesta Cidade. Eu acho,
sinceramente, que V. Exª, com esse Projeto, afronta o Governo anterior, afronta
15 a 20 mil pessoas que discutiam, por ano, esse assunto, porque vai contra o
espírito, contra a essência do Orçamento Participativo, que é a autonomia e o
poder de auto-regulamentação. Nunca o estatuto foi o mesmo, em nenhum ano ele
foi o mesmo. Os próprios Conselheiros aperfeiçoavam esse estatuto.
Então, quando V. Exª cria o Conselho do Orçamento
Participativo... Na verdade, ele já existe, livremente ele é composto pelas
pessoas, e aí está a sua essência. Essas pessoas são votadas por seus pares e
fazem a definição final das obras na Cidade. Mais de 80% das obras foram
realizadas nesse tempo todo. Desculpe-me, Ver. Bernardino, mas o seu Projeto
também afronta o Prefeito Fogaça; faz uma afronta ao seu Governo, o atual
Governo, porque ele dizia: “Para manter o OP só tem um, o José Fogaça, o
Partido da mudança.” E V. Exª é do “Partido da mudança”. Então, se o Prefeito
respeita o Vereador - e o respeita -, e nós respeitamos o Prefeito, ele tem de
respeitar o eleitor, as pessoas que acreditaram nessa idéia, nessa promessa,
que votaram neste Governo.
De minha parte, eu
quero parabenizar o Prefeito José Fogaça, uma vez que ele manteve dois eventos
culturais que já fazem parte do calendário da Cidade, que é a Procissão do
Morro da Cruz - naquele comovente espetáculo do nosso companheiro Ver. Aldacir
Oliboni e de toda aquela comunidade do bairro Partenon - e o Baile da Redenção.
Então, isso é uma exigência cultural da Cidade.
No caso do Orçamento,
ele se elegeu com essa promessa. As leis estão acima das promessas? Não estão,
promessa é a palavra do Prefeito José Fogaça; então, ele está mantendo o
Orçamento Participativo. Se vai criar um fórum superior, um fórum de governança
solidária, talvez isso até descaracterize o Orçamento Participativo, mas é
outra discussão. Mas o seu Projeto vem contra o seu Governo, o Governo do Prefeito
José fogaça.
O Sr. Bernardino
Vendruscolo: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Vereadora, V. Exª é de uma outra época, eu sou um
Vereador mais moderno. Vossa Excelência é de uma época em que o Prefeito
mandava na sua Bancada, eu sou de uma outra época. Então, eu quero dizer que,
se fui agressivo, ela não entendeu. Obrigado.
A SRA. MARGARETE
MORAES: O Ver. Bernardino coloca um Projeto para ser
discutido, mas não aceita discussão, não aceita divergência. Vossa Excelência,
que está chegando agora, é de um autoritarismo atroz, porque fala que é de
outra época, etc. Nós somos da mesma época, inclusive da mesma cidade, Ver.
Bernardino! Nós somos da mesma geração. Mas temos posturas, concepções de
política, concepções de gestão administrativa diferenciadas. Nós gostamos e
fizemos isso, não é um discurso. Gostamos de administrar junto com a população
de Porto Alegre, para que a população que sofre na pele os problemas possa
eleger as demandas que serão as fundamentais. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Está encerrada a discussão de
Pauta. O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, público que nos assiste pela TVCâmara, Canal 16, e amigos que nos
honram com a sua presença nas galerias, eu venho a esta tribuna para apresentar
um balanço de uma campanha que está acima de questões políticas, partidárias ou
religiosas. É uma campanha que ainda não se encerrou; ainda estamos
contabilizando os resultados, mas já quero dar um balanço parcial deste final
de semana, quando foi, eu acredito, o ápice dessa campanha.
Foi uma campanha que
entrou no espírito de Páscoa (Lê.): “Ele deu tudo para você doar um pouco”.
(Mostra folder.) Uma cruz e, no braço da cruz, em vez de ter o braço de
Nosso Senhor Jesus Cristo, há uma bolsa de sangue, uma bolsa hospitalar. “Ele
deu tudo para que você pudesse doar um pouco” - esse foi o slogan dessa
campanha. Uma campanha que contou com cinqüenta ônibus rodando por Porto Alegre
com essa publicidade na parte de trás - o busdoor -, com vários outdoors
pela Cidade e, também, com trinta pontos luminosos nas paradas de ônibus, além
de muitos cartazes, como este (Mostra cartaz.), espalhados por todos os órgãos
públicos possíveis, onde nós tivemos tempo útil para colocar e para distribuir.
No dia de hoje, se
visitarem o site www.projetomaisvida.com.br, os
senhores encontrarão aproximadamente o número de dez mil pessoas que nessas
últimas duas semanas acessaram essa página. Dessas quase dez mil pessoas - para
ser preciso, eu tomei nota quando passei pelo computador, foram 9.146 pessoas
-, eu fiz questão de verificar quantas pessoas se cadastraram para doar sangue.
Essa campanha
ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Sul. Ela foi lançada aqui em Porto
Alegre, com o apoio da Prefeitura, mas ultrapassou as barreiras do Município,
porque pegamos força com a Assembléia Legislativa, com o Governo do Estado e
com a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, que é da comunidade
científica da Medicina do Estado do Rio Grande do Sul. Com a imprensa - desde o
Bibo Nunes, TVE, Rádio Cultura, TV Pampa, TV Bandeirantes, RBS, além da Rádio
Farroupilha, Rádio Guaíba, Rádio Gaúcha -, ultrapassamos as fronteiras do Rio
Grande do Sul, quando, se não me falha a memória, na quarta ou quinta-feira,
saiu em rede nacional na Rede Globo esse Projeto Mais Vida.
E eu me orgulho de
dizer que esta Casa, a Casa Legislativa - e não só para este Vereador, mas para
todos nós aqui, para os 36 Vereadores desta Casa... Enquanto Vereadores, nós
devemos ser facilitadores das boas idéias. Essa foi uma campanha em prol da
vida, porque, independentemente de questões políticas, religiosas, ninguém está
livre de, a qualquer momento, precisar de uma doação de sangue numa emergência.
Estamos aqui com o nosso médico, Ver. Dr. Goulart, que, acredito, está
concordando com o que estamos dizendo, porque é um médico e sabe o valor do
sangue.
Então, Srs.
Vereadores, são muitos doadores cadastrados - não é “chute”, é uma coisa
técnica. Foi entregue na quinta-feira ao Sr. Governador esse balanço parcial e
uma apostila com todos os nomes das pessoas cadastradas que vão não só doar o
sangue agora, mas pessoas que querem doar seu sangue uma, duas, três vezes por
ano e, caso haja uma fatalidade, ser um doador em potencial, quem sabe, até de
órgãos.
Eu quero parabenizar
V. Exª, Sr. Presidente, já falei isso outro dia, com muita honra, que saiu
desta Casa com o carro oficial da Câmara de Vereadores, juntamente com outros
funcionários e Vereadores, e dirigiu-se ao Hemocentro, num dia de chuva, quando
pensávamos que ninguém iria se prontificar a ir. Vossa Excelência deu exemplo, como
Presidente desta Casa, puxando a dianteira, e nós o seguimos, juntamente com
outras pessoas e com mais trinta jovens. Naquele dia, inclusive com a presença
da televisão, foi feita uma demonstração de solidariedade da Câmara de
Vereadores, acima de questões políticas e das questões partidárias - o que é
muito natural, já que é uma Casa política -, numa demonstração de que esta Casa
também se preocupa com ações solidárias. O Sr. Presidente, por meio do seu ato,
demonstrou total apoio, juntamente com os demais Vereadores. Sei que muitos dos
Srs. Vereadores colocaram nos seus gabinetes este cartaz que tem uma mensagem
extremamente profunda: “Ele deu tudo para que você pudesse doar um pouquinho”,
um pouquinho do seu sangue. (Mostra o cartaz.)
Sabem, V. Exas,
quantos litros de sangue foram recolhidos e guardados nos hemocentros? Mais de
mil litros de sangue. Uma informação importante, Sr. Presidente, para concluir:
chegou um momento em que o Hospital Conceição telefonou dizendo para a
organização: “Por favor, parem. Nós não temos como estocar mais sangue!” Isso é
uma benção de Deus. Uma Páscoa diferente para esse segmento da juventude
adventista, coordenada pelo Pastor Odailson, que está de parabéns, porque esse
exemplo deve ser seguido por todos, pois é uma campanha em prol da vida. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Quero cumprimentar o Ver. Elias
Vidal, que desencadeou todo esse processo, exatamente conforme relatou.
O Ver. Mario Fraga
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MARIO FRAGA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, falo em
Tempo de Liderança do PDT, cedido pelo nosso Líder, Ver. Dr. Goulart, em forma
de rodízio; usarei este tempo para falar dos meus Projetos.
Aproveitando este
momento na tribuna, faço uma referência e um elogio ao Ver. Elias Vidal, que
nos acompanha na CUTHAB e que, nesses últimos trinta, quarenta dias, trabalhou
em cima dessa campanha. Meus parabéns, Ver. Elias Vidal. Da mesma forma, antes
de entrar no assunto que me traz à tribuna, dou parabéns ao Presidente da
Câmara, Ver. Elói Guimarães, por esse ato que pouco foi divulgado, Vereador; se
fosse sobre os gatos, teria se transformado em notícia nacional e até
internacional. Mas um ato dessa magnitude de V. Exª , se o Ver. Elias Vidal não
o relatasse, nós não ficaríamos sabendo. Meus parabéns Vereador-Presidente Elói
Guimarães.
Vimos à tribuna
também para fazer um agradecimento ao Secretário de Educação do Estado José
Fortunati, que esteve no bairro Belém Novo, na quarta-feira passada, fazendo
uma visita, a meu convite, à Escola Estadual Dr. Glicério Alves, onde nos
acompanhou também o Ver. Ervino Besson, e à Escola Estadual Evarista Flores da
Cunha. Verificamos, com o Secretário José Fortunati, as instalações e outros
problemas nessas duas escolas. Então, o meu reconhecimento, de público, ao
Secretário por ter nos acompanhado até o bairro Belém Novo e visto os problemas
que lá existem, o que nos fez solicitar algumas providências.
Gostaria também de
aproveitar o momento, já que a Pauta estava lotada, para falar sobre um Projeto
que dei entrada agora na Casa sobre as atividades das cooperativas em Porto
Alegre. Visto que essa é uma atividade fluente na cidade de Porto Alegre, nós
estamos entrando com um Projeto e esperamos que os nossos nobres Pares leiam e,
se possível, nos ajudem a complementá-lo, pois temos cooperativas de todas as
espécies, em todos os sentidos e com pessoas de todos os tipos também na
presidência dessas cooperativas. Gostaria que todos me ajudassem nesse meu
primeiro Projeto, que é sobre cooperativas, e, se pudermos trocar uma idéia, eu
estarei à disposição, é só me falar.
Na Pauta também,
aproveitando, há dois Projetos do Ver. Ervino Besson, um deles inclui a Festa
do Ridículo no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre. Ao mesmo tempo,
há um Requerimento que fez no sentido de o período de Comunicações do dia 25 de
abril seja destinado a homenagear o Sr. Cláudio Pacheco, nosso querido amigo
Kako, que realiza o Baile do Ridículo e a Festa do Ridículo, eventos já
tradicionais na nossa Cidade e muito mais tradicionais para nós, de Belém Novo,
que já vivemos essa festa e esperamos durante todo o ano, ansiosamente, por sua
realização. Eu gostaria de dar parabéns ao Ver. Ervino, que teve essa idéia e
esse brilhantismo de colocar o Baile do Ridículo no Calendário Oficial de Porto
Alegre e também de homenagear o nosso amigo Kako.
Desde já agradeço ao
Ver. Dr. Goulart pela cedência deste espaço pela Liderança do PDT, o qual nós
vamos fazer o rodízio. Um abraço a todos, principalmente àqueles que nos
assistem pela TVCâmara. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com
a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO CARLOS
NEDEL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, celebramos, no último fim de semana, em nossa liturgia católica, a
maior de todas as nossas festas: a Ressurreição do Nosso Senhor Jesus. Cristo é
a cabeça da Igreja, e nós todos somos seus os membros, pois participamos do seu
corpo místico pelo Batismo. Páscoa significa passagem. Ora, infelizmente,
estamos vivendo uma realidade marcada pela violência, pelo abismo entre ricos e
pobres, pela grave crise que atinge tantas famílias e pela ignorância
religiosa, isso tudo faz com que muitos católicos abandonem a sua Igreja, a
igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Convivemos também com
outras tantas realidades que são opostas à doutrina e aos ensinamentos de
Jesus, tais como o terrorismo, as drogas, a prostituição e outras formas de
desamor. Tudo isso está exigindo uma Páscoa, ou seja, uma mudança, uma passagem
do tempo velho para o tempo novo. E é nisso que todos nós temos que nos
empenhar seriamente; Jesus já fez a sua parte, agora cabe a nós realizarmos a
nossa parte; do contrário, a redenção operada por Jesus com tanto sofrimento e
amor ficará sem produzir os frutos que Deus espera de cada um de nós. Nós é que
daremos a nossa resposta: se queremos, nesta Páscoa, ser um homem novo ou um homem
velho. Nós precisamos crescer e andar no amor de Cristo.
É por isso, meu caro
Ver. Aldacir Oliboni, que estou aqui para cumprimentá-lo pela sua interpretação
lá no Morro da Cruz, na Sexta-Feira Santa, da Paixão de Cristo. Vossa
Excelência elevou o nome desta Câmara, sim, estando lá, naquela representação
religiosa, cristã, que leva milhares e milhares a seguir a representação de
Cristo na sua via-sacra, da Igreja São José do Murialdo até os altos do Morro
da Cruz. Vossa Excelência realmente cumpriu a sua missão de lembrar que Cristo
sofreu por nós, e sofreu muito pelos nossos pecados. Portanto, cabe a nós,
agora, dar essa resposta - resposta de amor! Há dois mil anos Cristo renova
essa proposta. E nós que resposta damos? O Ver. Aldacir Oliboni estava lá,
propôs-se a difundir essa imagem do sofrimento de Cristo. É uma imagem que leva
as pessoas a pensar.
Quero cumprimentar
também o Ver. Elias Vidal pela sua campanha em prol da doação de sangue;
realmente, ilustre Ver. Elias Vidal, sangue é vida! E nós precisamos proteger a
vida, desde a sua concepção! Por isso, essas idéias que andam por aí, querendo
matar crianças inocentes, no seio da mãe, não devem prosperar. Nós devemos
fazer com que esta Páscoa sirva de reflexão para afastarmos essas idéias contrárias
à vida, que é o nosso maior dom. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Há pouco, criou-se
uma polêmica aqui a respeito do Orçamento Participativo. Já falei e vou voltar
a frisar para que fique bem claro: quando da nossa campanha, nós fazíamos
críticas ao Orçamento Participativo porque não havia uma lei que o regrasse.
Esse é o motivo principal de tentarmos aprovar uma lei com os regramentos para
o Orçamento Participativo, e entendo que o Vereador tenha liberdade para
fazê-lo.
Quando disse, agora
há pouco, que eu era de uma outra época, quis dizer que vou respeitar e
pretendo votar todos os projetos do Executivo, desde que esses projetos não
façam com que eu ponha no bolso o meu pensamento político e o meu discurso de
campanha.
Eu também acho que
aquele Vereador que tem compromisso com a sua base não pede permissão ao
Prefeito para apresentar projeto. Por isso é que este Vereador, com todo o
respeito às críticas que recebeu, diz que é um Vereador duma época atual,
porque sabe que esta Casa é independente. Nós vamos, sim, trabalhar para que o
Executivo tenha aprovados, nesta Casa, os seus grandes projetos, e espero que
eles venham - eu acredito no Prefeito José Fogaça.
Quanto ao que foi
dito, de que há uma contradição entre o discurso e a prática, eu já declarei
outras vezes que há Vereadores nesta Casa que têm bola de cristal: adivinham o
futuro e fazem crítica por conta da adivinhação! Esse é um recado, caro
Presidente e meus colegas Vereadores, e mais uma vez vou dizer: não vou ficar
de mal caso algum Vereador da base do Governo não vote a favor do Projeto. Eu
faço a minha parte, e trazer o Orçamento Participativo para aprovação nesta
Casa é a minha parte, porque durante a campanha eu passei fazendo crítica e, ao
longo dos anos, fiz críticas à maneira como eram aprovadas as obras no
Orçamento Participativo. Acredito que o Orçamento Participativo sem uma lei,
sem um regramento é um aparelho político; por isso apresentei esse Projeto e
espero vê-lo aprovado. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com
a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARISTELA
MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, gostaria de dar continuidade ao tema à que me
referi anteriormente em relação à questão da Saúde, porque lembrei de um fato
fundamental, de um dos propósitos principais da questão da Saúde, quando o
Governador Olívio Dutra implementou o Programa Solidariedade, quando da
municipalização da Saúde, no Estado do Rio Grande do Sul. Se continuasse, com
certeza, hoje nós não estaríamos nessa corrida diária por consultas às pessoas
advindas do interior do Estado. Aliás, tem-se de deixar clara uma questão, Sr.
Presidente: nada contra o pessoal do interior do Estado, ao contrário, é
justamente para que essas pessoas tenham maior dignidade e possam ser atendidas
com qualidade, não tendo de se deslocar a toda hora para Porto Alegre.
Mas o que acontece?
Em vez de haver esses investimentos, nós temos aí a questão do Fundopen,
Vereador; temos aí algumas empresas “pobrezinhas”, como a Gerdau, precisando
desses investimentos oriundos do bolso do contribuinte para se sustentar.
Depois o que acontece? Há falta de recursos para pagar o 13º salário, sendo que
o devedor oferece o Banrisul para fazer empréstimo para pagar o funcionalismo
público estadual! Mas para o grande empresário não há problemas. Mais do que
isso: é feita uma taxação que assusta inclusive os defensores do Estado mínimo,
porque vai sobrecarregar por demais as exportações, aumentando também a tarifa
telefônica, a gasolina - o que vimos comentado nos jornais de hoje, a lógica
deste Governo Estadual. Parece-nos que não está fazendo muito diferente aqui, e
não precisa ser um vidente, Ver. Bernardino, basta ter uma pouco de
sensibilidade, basta conhecer os que realmente necessitam, os que foram
empobrecidos historicamente neste País e no mundo inteiro, para saber como
essas questões acontecem.
Vossa Excelência é
tão moderno, Vereador, que desconhece que isso é prerrogativa do Executivo,
isso é constitucional, mudar a hora que quiser. Não é disso, Vereador, que
estamos falando; estamos falando de promessas de campanha, e o Vereador, com
certeza, teve muitos votos dos cidadãos e cidadãs de Porto Alegre com o
argumento de que se manteria o Orçamento Participativo. Vossa Excelência nunca
usou o espaço privilegiado na campanha, Ver. Bernardino, para dizer que tinha
um projeto para instrumentalizar aqui o Orçamento Participativo; ao contrário,
V. Exª fez coro junto ao “Partido de mudança”, e o resultado está aqui.
Portanto, é inverídica a lógica que V. Exª coloca; são desleais, com todo o
respeito, no sentido político - não é nada pessoal -, os argumentos que V. Exª
utiliza nesta tribuna para justificar o seu Projeto, sem achar que é
antidemocrático. Por quê? Porque é prerrogativa sua apresentar o projeto que
bem lhe convier; agora, é minha prerrogativa, também, anunciar à população de
Porto Alegre que V. Exª fez coro, então, com essa demagogia, o que eu não
acredito, porque o Prefeito Fogaça me parece ser uma pessoa muito
bem-intencionada.
A diferença,
Vereador, do modernismo para a seriedade é que na seriedade o Vereador pode ter
divergências, mas tem de haver uma linha ideológica. Aqui V. Exª não está
preocupado com o que o seu Prefeito, o Prefeito da nossa Cidade, está dizendo;
V. Exª aqui faz o que bem quer, e isso, para mim, cheira à irresponsabilidade
política, descompromisso com a proposta e desrespeito também com a oposição,
porque se valeu para a sua eleição desse propósito político e agora vem aqui se
colocando como um homem da modernidade, sendo deselegante inclusive com a nossa
Verª Sofia Cavedon, uma mulher parlamentar que foi legitimamente eleita, como
Vossa Excelência. Então, vamos devagar, porque a gente, às vezes, pode se
precipitar e ter um clima aqui que não é o que realmente a gente quer. Podemos
discordar, mas acho que o respeito está acima de qualquer coisa. Muito
obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, antes de falar sobre essa polêmica que se estabeleceu no plenário
sobre um tema extremamente relevante para a nossa Cidade, eu quero convidar as
Sras Vereadoras e os Srs. Vereadores para o 42º Congresso de
Vereadores, Assessores e Técnicos Legislativos. Trata-se de um evento promovido
pela UVERGS, a União dos Vereadores do Estado do Rio Grande do Sul, que
acontecerá na Assembléia Legislativa com uma temática extremamente importante e
que, seguramente, vai contribuir muito para o fortalecimento e qualificação dos
debates políticos dos Parlamentos porto-alegrenses, do interior do Rio Grande e
de outros Estados brasileiros.
E, depois, é com
alegria muito grande que eu comunico às Sras Vereadoras e aos Srs.
Vereadores - e convido a todos - que acontecerá a posse da Diretoria da UVERGS
no dia de amanhã. Estou distribuindo aqui o convite para V. Exas e
quero dizer que tenho o prazer, o privilégio e a honra de compor essa nova
Diretoria, dando continuidade a um trabalho de fortalecimento dos Poderes
locais. Quero-me colocar à disposição de todos, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, para que possamos, juntos, fortalecer a entidade, que é de
todos os Vereadores do Estado do Rio Grande do Sul.
Nos últimos minutos
que me restam, reafirmo, mais uma vez, a posição que publicamente temos
expressado neste Plenário, que reflete a posição da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, do Governo José Fogaça. Nós elegemos um Prefeito que, ao longo de
sua campanha, reafirmou o seu compromisso com a democracia e, principalmente, o
seu compromisso na manutenção da construção política do povo desta Cidade. A
temática do Orçamento Participativo foi umas das temáticas que explicitamente
foi apresentada pelo então candidato, junto com o seu compromisso de manutenção
desse importante instrumento da participação popular de Porto Alegre. Isso,
evidentemente, é diferente da posição do Vereador que apresenta o Projeto de
sua autoria individual legítima. Evidentemente, todos os Vereadores têm o
direito de defender a posição do seu Gabinete, do seu mandato.
O Ver. Bernardino tem
uma concepção: ele acha que se deve regulamentar o processo do Orçamento
Participativo. Essa é uma posição do Vereador, que é legítima; cada Vereador é
responsável pelo seu mandato. Mas, como houve uma certa incompreensão, como se
isso significasse uma mudança de posição política do Executivo, eu queria
reafirmar que, pelo contrário, o que nós estamos procurando, cada vez mais, é o
cumprimento das decisões que foram tomadas pelo Orçamento Participativo,
independentemente de quem era o Governo que estava administrando a Prefeitura
naquele momento, porque, se o Orçamento Participativo é um instrumento de
participação da comunidade, então as decisões da comunidade devem e serão
necessariamente respeitadas.
E, para concluir, Sr.
Presidente, eu queria dizer que a maior prova desse compromisso é empenho que o
Governo está fazendo para garantir a execução das obras já aprovadas há muitos
anos, mais de quinhentas obras em Porto Alegre estão atrasadas. Acho que isso
não é justo com a decisão política tomada nos fóruns do Orçamento
Participativo. Então, apesar de todas dificuldades econômicas que nós herdamos
da Prefeitura, a questão da garantia das obras é uma questão prioritária porque
é uma demanda vinda da organização popular do povo de Porto Alegre.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, Vereadoras,
todos que nos assistem, em nome da Bancada do PCdoB, composta por este Vereador
e pela minha Líder, a Verª Manuela, gostaria de fazer a leitura do editorial do
Portal Vermelho, que expressa a opinião da direção do PCdoB. Diz o editorial
(Lê.): “Não renovar com o FMI é caminhar na direção da soberania. O Governo
brasileiro anunciará, até o final desta semana, se renova ou não o acordo com o
Fundo Monetário Internacional. O ‘sim’ significará manter o País com a
soberania aviltada, com sua economia sob tutela externa; o ‘não’, por sua vez,
simbolizará um passo importante, tanto para o resgate da autonomia do Estado
nacional quanto para o Governo ser, de fato, o gestor dos destinos econômicos e
financeiros do País.
Estudos de
economistas especialistas no tema, como o da Professora Daniela Magalhães
Prado, da Unicamp, demonstram que o País já contornou o estado crítico a que o
Governo Fernando Henrique Cardoso o arrastou, obrigando-o, em 1998, a firmar o
acordo com o Fundo. O Brasil tem recursos da ordem de 81 bilhões de dólares,
quantia mais do que suficiente para cobrir os 51 bilhões de dólares em juros e
amortizações da dívida.
Apesar disso, é
grande a pressão para manter o País subordinado ao FMI. O economista-chefe do
Bradesco, Octávio de Barros, apesar de tecnicamente admitir que o País pode
dispensar um novo acordo, sentencia que mantê-lo ‘é uma opção de menor risco’.
Delfim Netto, coerente com sua biografia, advoga a renovação sob o argumento de
que se trata do ‘seguro mais barato que existe’.
Nesse particular, o
estudo já citado da Professora Prado, divulgado pelo jornal Folha de São Paulo,
demonstra o oposto do que diz o ex-Ministro da Fazenda e do Planejamento do
período da ditadura militar. Diz ela no citado periódico: ‘Desde 1998, o acordo
custou ao País 3,8 bilhões de dólares só em juros e em encargos’. Além disso, o
FMI cobra comissão de 0,25% ao ano sobre a parcela não-sacada de 16 bilhões de
dólares.
O campo político da
Nação que, neste momento, luta pela não-renovação do acordo teve um reforço
inesperado no final da última semana. Trata-se da avaliação que o FMI divulgou
sobre o desempenho da economia brasileira. O texto dos 24 diretores do Fundo
revela com uma transparência pedagógica a tutela escancarada, a ingerência
sobre assuntos de absoluta competência de um país soberano.
Depois do óbvio
elogio às metas inflacionárias e ao aumento dos juros, os diretores do Fundo,
por unanimidade, ‘recomendam’ que seja aprovada uma legislação que garanta
‘total autonomia operacional do Banco Central’. E as ‘recomendações’ não param
por aí. Diz o Fundo que as reformas precisam ir adiante, tais como a reforma
trabalhista e medidas que aumentem a flexibilidade do Orçamento. Se tais
‘conselhos’ foram indicados como opinião comum do conjunto de diretores, eles
se dividiram quanto ao arrocho fiscal. Alguns consideram que o superávit fiscal
de 4,25% do Produto Interno Bruto estipulado para 2005 é o bastante; outros
defendem um desvio ainda maior de recursos do Orçamento para o pagamento da
dívida.
O Presidente Lula, em
diferentes oportunidades em que se manifestou sobre este tema, tem afirmado,
com razão, conforme sublinhado acima, que um dos legados de seu Governo é ter
conduzido o País à retomada do crescimento econômico e a um determinado
controle das finanças públicas. De tal sorte” - diz Lula - “que ‘o Brasil não
precisa do FMI’. Na hora dessa decisão crucial, o que se espera é que prevaleça
essa análise, essa retomada de posição. A decisão do Governo Lula de não
renovar o acordo com o FMI, nas circunstâncias analisadas, é algo factível,
tecnicamente viável e, sob a ótica política, é um imperativo. Um Governo se
fortalece, adquire respaldo social e político de que necessita à medida que
torna realidade os compromissos assumidos com o povo que o elegeu.”
Portanto, fica clara
a postura do PCdoB para que, nessa decisão que tem de ser tomada até
quinta-feira, prevaleça a opinião de Lula, de que o Brasil não precisa renovar
com o FMI. É essa a posição oficial do Partido Comunista do Brasil. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, a Líder da Bancada do PT, Verª Maristela
Maffei, quando tratava aqui do assunto relativo ao Projeto do Ver. Vendruscolo
sobre o Orçamento Participativo usou o termo “irresponsabilidade”. Eu acredito
que, para usar esse termo, a Verª Maristela Maffei deveria fazer uma análise
melhor daquilo que está acontecendo no seu Governo, porque irresponsabilidade
eu vejo é no atual Presidente da República, o Sr. Lula da Silva, Presidente de
Honra do PT, que nomeou para um dos Ministérios mais importante da República, o
Ministério da Previdência Social, o Sr. Romero Jucá.
Hoje, no jornal Folha
de São Paulo, há uma matéria dizendo que Jucá, este Ministro que foi nomeado,
tomou crédito, não pagou, e a garantia oferecida era falsa. Mas isso é
banditismo! Porque ele tomou emprestado para a sua empresa 18 milhões de reais,
ofereceu garantias falsas, fazendas que não existiam, Ver. Todeschini, e não
pagou. E é este homem que vai comandar a Previdência do nosso País. Isso é
irresponsabilidade! E a primeira medida que ele toma é diminuir os gastos da
Previdência, prejudicando aquelas pessoas que, talvez, mais precisem da
Previdência Social, pessoas que estão doentes, que precisam apelar para a
Previdência Social e que agora têm de seguir várias regras impostas pelo novo
Ministro, a fim de poderem contar com o benefício. Isso, sim, é
irresponsabilidade!
Agora o fato de se
apresentar um Projeto nesta Casa para se dar uma nova direção a esse organismo
que é chamado Orçamento Participativo... E eu já declarei muitas vezes que não
gosto da forma como ele é executado. Esse negócio de afirmar aqui, como eu
ouvi, que o Orçamento Participativo fez quatro mil e não sei quantas obras
durante não sei quantos anos é uma farsa. Fazer obras é ir buscar dinheiro, ir
buscar recursos para aplicar. Qual é o empresário, a pessoa que consegue fazer
obras sem recursos? E o Orçamento Participativo não busca nada. O que ele faz?
Pega os impostos que são pagos e aplica esses impostos de maneira muito
maléfica, muito ruim. Tanto é assim que eu vi surgirem nesses anos todos
algumas canchas de bocha nas vilas mais pobres da Cidade em detrimento, muitas
vezes, de postos de saúde; eu vi surgirem canchas de esportes e vi serem
suprimidas salas de aula.
Então, esse tal de
Orçamento Participativo... Para mim, pegar dinheiro público e aplicar para
fazer, muitas vezes, obras totalmente desnecessárias, isso não é, na verdade,
responsabilidade. Talvez, eu não seja totalmente favorável ao que colocou o
Ver. Bernardino Vendruscolo, mas quero cumprimentá-lo. Acho, Ver. Vendruscolo,
que V. Exª está retomando um Projeto que é o de legitimar o Orçamento
Participativo, uma vez um Vereador que pertencia à Bancada do PT queria
fazê-lo. É, sim, o Ver. Clóvis Ilgenfritz chegou a apresentar um Projeto nesta
Casa para legitimar o Orçamento Participativo. Mas, como o PT queria apenas
usar o Orçamento como massa de manobra ao seu bel prazer, acabou torrando,
queimando, na época, o então Ver. Clóvis Ilgenfritz.
Eu quero cumprimentar
V. Exª , porque o Vereador faz retornar a esta Casa uma discussão que é
realmente necessária, de nós podermos saber se devemos ou não continuar com
essa monstruosidade lá fora. Mas, se continuarmos, pelo menos que seja de forma
regrada, legitima, como V. Exª está apontando, é claro que com as modificações
que esta Casa vai apresentar para emendar o seu Projeto. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Havendo quórum, passamos à
O SR. LUIZ BRAZ
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito a V. Exª
que, logo após a votação do Veto, que será um Projeto obrigatório a ser
colocado em votação, seja apreciado o Requerimento nº 071/05, de autoria do
nosso companheiro de Bancada Ver. José Ismael Heinen.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Não sei se há outra proposição; imediatamente nós iniciaremos...
A
SRA. MARISTELA MAFFEI (Requerimento):
Sr. Presidente, nós gostaríamos de incluir também, de autoria do Ver. Carlos
Todeschini, do Ver. João Antonio Dib, da Verª Manuela d’Ávila e da nossa
Bancada, o Requerimento nº 74/05. Trata-se de uma Moção de Solidariedade encaminhada
à Assembléia Legislativa pela rejeição do Veto do Governador Germano Rigotto ao
art. 2º, § 2º do Projeto de Lei nº 027/04, que estabelecia regras gerais para
as Parcerias Público-Privadas no Rio Grande do Sul.
O SR. ERVINO BESSON
(Requerimento): Vereador-Presidente Elói
Guimarães, eu também gostaria de incluir o Requerimento nº 66/05. Do contrário,
vai chegar o dia da homenagem e o Requerimento nem sequer foi votado. As
Lideranças poderiam fazer um acerto, e nós poderíamos organizar isso, senão...
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Há consenso? (Pausa.) Há.
Evidentemente, nós não vamos submeter à votação, porque não é uma proposição,
apenas vamos iniciar a discussão acerca do Veto do Projeto de autoria deste
Vereador. Solicito ao 1º Vice-Presidente, Ver. João Carlos Nedel, que assuma a
direção dos trabalhos para a discussão do Veto Parcial ao PLCL nº 005/04, de
autoria deste Vereador, que dispõe sobre atividade varejista de produtos perigosos
e dá outras providências.
Já discutiram a
matéria este Vereador, a Verª Maristela Maffei, o Ver. Raul Carrion e o Ver.
João Antonio Dib. Passo a presidência dos trabalhos ao Ver. João Carlos Nedel.
(O Ver. João Carlos
Nedel reassume a presidência dos trabalhos.)
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
N.º 1488/04 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º
005/04, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dispõe sobre a
atividade varejista de produtos perigosos e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Márcio Bins Ely: pela manutenção do Veto Parcial;
- da CUTHAB. Relator Ver. Alceu Brasinha: pela
manutenção do Veto Parcial;
- da COSMAM. Relatora Ver.ª Mônica Leal: pela
manutenção do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do art. 174,
II, do Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do Dia em 16-03-05;
- discutiram a matéria, em
23/03/05, os Vereadores E.Guimarães, M.Maffei, R.Carrion, J.A.Dib.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 16-03-05 (quarta-feira).
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Adeli Sell
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/04, com Veto Parcial.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, esta
discussão é extremamente importante porque o disciplinamento das atividades
econômicas de uma cidade é fundamental. Na verdade, o que estamos discutindo
aqui é algo novo que denominamos de Direito Econômico. Eu diria que, para fazer
valer a legislação nessa área, podemos tratar, inclusive, do Direito Penal
Econômico, para penalizar empresas, para penalizar ações que se colocam contra
os interesses gerais da coletividade. Por isso as regras têm que ser muito
claras.
Por esta Cidade não
ter regras muito claras, ter uma legislação que em vários pontos é caduca, nós
temos o absurdo de ter postos de gasolina dentro do Carrefour - eu estou
falando que isso existe dentro do Carrefour! -, pois, na verdade, estão
acoplados ao Supermercado. Isso é um furo da nossa legislação, que deu
condições de isso existir. Evidentemente, é uma concorrência completamente
desleal com alguém que tem uma razão social de apenas posto de gasolina.
Senhoras e os
senhores que entendem como funciona a nossa economia, os créditos de ICMS, que
é uma discussão que está havendo na Assembléia Legislativa, fizeram com que
este Estado virasse uma discussão de ponta a ponta sobre o tema dos créditos do
ICMS. Essa Empresa que tem esse amplo “guarda-chuva”, que vende tudo,
absolutamente tudo, tem grandes vantagens sobre o concorrente, porque tudo fica
no mesmo caixa, tudo fica no crédito do ICMS. Então, eu posso vender a gasolina
mais barato, eu posso fazer promoções, etc. e tal. Nós estamos discutindo uma
coisa extremamente séria!
É uma lástima que
Porto Alegre tenha tido essa brecha na legislação, porque vimos muitas pessoas
com empresas que vêm de pai para filho, de avô para neto, trabalhando na área
de combustíveis, trabalhando num posto de gasolina, fazendo lavagens, pegando
no pesado, pondo a mão na graxa, etc. e tal, e aí alguém coloca um
megaempreendimento, acopla todo o tipo de trabalho de prestação de serviços
ali, que, do ponto de vista econômico, já é uma concorrência completamente
desleal. Não vou entrar aqui numa questão que até hoje eu tentei estudar, Ver.
Sebastião Melo, sobre os processos do Carrefour. São dois processos enormes,
incompreensíveis, até hoje não sei muito bem como é que conseguiram a licença
de operação para um posto de gasolina naquelas condições. Não sei, tenho as
minhas dúvidas. Eu apenas disse que tenho as minhas dúvidas. Não estou aqui
fazendo nenhum julgamento, não é uma apreciação de juízo. Tenho dúvidas, é um
direito que eu tenho, o Parlamento é para isto: para colocar todas essas
questões in totum.
Então, meus caros
colegas, este é um tema extremamente importante. Eu tenho me queixado um pouco
sobre a postergação de alguns debates aqui, mas gostaria, inclusive, de ter
alguns elementos que, na reunião passada, ficaram de ser colocados nesta Sessão
para podermos decidir. Mas eu estou com o Projeto de Lei. Essa é a minha
decisão, essa é minha posição. Penso que foi um avanço para Porto Alegre,
precisamos, inclusive, dentro da discussão do Plano Diretor, do Código de
Obras, que tem que ser rediscutido, e do Código de Posturas da Cidade, mudar
algumas coisas que são arcaicas numa Cidade que se quer moderna, numa Cidade
que tem qualidade de vida, que tem mostrado que está no espelho do mundo. Mas
nisso há uma grande falha. São essas as minhas colocações.
Portanto, não estamos
discutindo um simples Projeto de Lei, de autorização ou não de posto de
gasolina; nós estamos discutindo aqui, sim, Direito Econômico; inclusive para,
depois, fazermos a lei, temos de discutir Direito Penal Econômico. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para discutir PLCL nº 005/04, com Veto Parcial.
O SR. SEBASTIÃO MELO:
Sr. Presidente João Carlos Nedel, na presidência
dos trabalhos, colegas Vereadoras e colegas Vereadores, este Projeto é de
autoria do nosso Presidente da Casa, Ver. Elói Guimarães, e foi votado no final
da Legislatura passada, ocasião em que vim a esta tribuna enunciando algumas
questões que tento resumir.
Eu acho que nós
tivemos um avanço ao aprovar esta lei, porque até então Porto Alegre não tinha
uma lei específica para regular, Ver. Brasinha, esta matéria. Ou seja, o
cidadão que quisesse instalar um posto de gasolina fazia um pedido à
Prefeitura, a qual o analisaria em seus diversos órgãos, começando pela SMAM,
passando pela SPM, pela SMOV, pelo DMAE e pelo DEP, e lá, no final, emitia uma
licença autorizando a construção ou não do posto de gasolina. Esta legislação
de autoria do Presidente estabelece, para frente, regramento.
Eu vou citar um
exemplo bem típico, Verª Neuza Canabarro: nós temos um posto de gasolina ao
lado do Estádio Beira-Rio; com esta nova legislação, não se pode colocar um
empreendimento ao lado de um estádio de futebol; não se pode colocar um posto
de gasolina ao lado de uma creche, ao lado de um colégio e de outros
equipamentos públicos que a legislação assim estabelece. Então, Ver. Adeli
Sell, é um avanço, porque vamos ter um regramento, e, evidentemente, o
empreendedor, quando buscar um terreno, vai buscar a lei e vai saber se aquele
terreno está dentro dos parâmetros que a legislação nova atendeu.
O Prefeito vetou o
art. 3º, que diz (Lê.): ”Os processos para a concessão de licença e autorização
para o funcionamento de postos de abastecimento de combustíveis e serviços que
estiverem em tramitação, quando da entrada em vigor desta Lei, serão
imediatamente adequados às exigências aqui previstas”. Eu fiz um Requerimento
não embasado em dispositivo legal, mas me socorri da Presidência, e um Assessor
do Prefeito, Gil Almeida, ex-Prefeito de Cacequi - ele esteve no Plenário,
talvez o encontre por aqui neste momento - trouxe a este Vereador e, imagino, a
outros Vereadores, uma relação, Ver. Adeli, Verª Maristela, a qual, depois, vou
lhes passar, trazendo aqui o seguinte: são 35 empreendimentos que deram entrada
na Prefeitura, sendo que a maioria deles é do ano de 2000. Tenho poucos, aqui,
do ano de 2003 - talvez, um ou dois empreendimentos. Em 2004, há um
empreendimento. A grande maioria é de 2000. Em 2002, há dois empreendimentos e,
no ano de 2001, há alguns.
O que eu posso
depreender, Verª Maristela? Ora, eu posso imaginar que alguém que entrou com um
expediente desses no ano de 2000 e até a presente data não obteve um desiderato
dessa matéria... Talvez isso possa ter caducado, não existir mais interesse...
Então, não dá para a gente saber ao certo se são 35, se são 16, se são 20, ou
se lá no final serão 10... No entanto, eu quero dialogar com os meus colegas
para dizer o seguinte: não havia uma legislação específica sobre isso. Não
havia! Ora, um empreendedor compra um determinado terreno e faz alguns
investimentos preliminares, Ver. Braz, na expectativa de construir um
empreendimento. Aí, vem uma lei cinco anos depois e diz: “Não, o senhor que
entrou em 2000 tem de se adequar à lei de 2005”. É complicado isso, Ver. Adeli.
É muito complicado.
Eu quero dizer que
votei favorável ao Projeto, tenho até a tendência de votar, abster-me da
votação, na medida em que o Governo vetou este Projeto, mas eu quero dizer que
toda boa lei tem de ter uma regra de transição. Está errado colocar um posto de
gasolina ao lado de uma creche? Está errado! Mas a Prefeitura aceitou isso ao
longo da sua história! E eu não vou falar somente desse Prefeito que saiu...!
A Srª Maristela
Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Não querendo atrapalhar o seu raciocínio, Vereador, eu só quero fazer uma
pergunta: esse relatório, além do endereço, diz qual é a empresa?
O SR. SEBASTIÃO MELO: Não.
A Srª Maristela
Maffei: Então, continua a dúvida, porque, na verdade, qual
é a nossa maior preocupação? Por exemplo, considerando o que aconteceu com o
Supermercado Carrefour, é saber o conjunto das intenções, enfim... É isso que
nos preocupa, e até agora isso não foi atendido. Obrigada.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, eu ainda tenho mais tempo?
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): Se V. Exª assim o
desejar, eu me inscrevo e lhe cedo o meu tempo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu agradeço e aceito.
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Sebastião
Melo está com a palavra, por cedência de tempo deste Vereador, para discutir o
Veto Parcial ao PLCL nº 005/04.
O SR. SEBASTIÃO MELO:
Então, dando continuidade, eu quero dizer, Ver.
Adeli, que é complicado! É complicado: “se correr o bicho pega, se ficar o
bicho come”, ou seja, eu estou diante de uma matéria complicada de decidir. Na
verdade, a legislação é um grande avanço, porque estabelece que, daqui para
frente, isso não poderá mais ser feito. Mas quantos anos têm a Prefeitura,
quantos Prefeitos por lá passaram? E não havia uma legislação sobre isso; agora
passa a ter.
Quando o cidadão foi
lá, ele examinou o que havia, e não havia uma legislação específica sobre isso.
Porém, já havia antecedentes, porque ele via o posto instalado ao lado da creche,
ao lado da AABB, ao lado do Beira-Rio, e assim são muitos exemplos.
Eu não sei se
interessa, Ver. Maristela, o nome das empresas, porque aí nós vamos entrar em
questões pessoais; aqui estão os endereços dos empreendimentos. A gente não
sabe avaliar, pois foi feito um Pedido de Informações extra-regimental sobre
essa matéria. A Verª Mônica, faça-se justiça, foi Relatora deste Processo, e eu
sei que no seu coração ela tinha até a tendência de fazer, de levar o Relatório
numa outra direção. Mas ela, uma Vereadora disciplinada, da base do Governo,
entendeu isso e fez até um Pedido de Informações que agora, de forma
extra-regimental, chega até nós.
Eu queria dizer que
nós achamos que não é uma coisa tão simples, Presidente. Quando nós votamos a
lei, nós discutimos isso, o art. 3º foi um dos artigos mais discutidos. Estão
aí o Adão e toda a Diretoria do Sulpetro, que foram parceiros nessa discussão.
Mas o que eu acho, Verª Clênia Maranhão, é que V. Exª , como Líder do Governo,
poderia assumir com a Sulpetro, assumir com essas entidades, uma agenda de
trabalho na regulamentação da matéria, porque aí não sairia ninguém trincado
dessa questão.
O próprio Assessor do
Prefeito, Gil Almeida, já se colocou à disposição, e eu faço um apelo aos
nossos dirigentes, porque, efetivamente, na regulamentação, poderíamos, Ver.
Paulo Odone, encontrar uma solução mediadora nessa matéria, porque, realmente,
fica difícil. Eu não vejo, com toda a sinceridade, clima para derrubar o Veto
do Sr. Prefeito. Eu poderia, dentro da minha Bancada, ser um voto favorável à
derrubada, mas não vejo isso, eu estou sendo muito sincero.
Mais uma vez quero
dizer que está de parabéns esta Casa, eu tenho sido muito crítico em relação a
muitos Projetos que esta Casa faz, pois acho que a gente, às vezes, fica
perdendo muito tempo com penduricalhos, com assuntos que acabam não tendo
repercussão na vida das pessoas. E este é um Projeto que tem efetivamente
repercussão na vida do cidadão, porque regulamenta a colocação desses
equipamentos indispensáveis à vida da Cidade, mas que, efetivamente, precisam
seguir regramentos muito firmes, porque se trata de combustíveis, portanto há
problema de segurança e não se pode instalar postos gasolina ao lado desses
equipamentos públicos aqui citados. Foi errado? Foi. Todo mundo erra.
E eu quero até fazer
um diálogo muito franco com a Bancada do PT. Os senhores governaram esta Cidade
por dezesseis anos, tiveram a oportunidade de fazer uma legislação sobre isso,
o Executivo poderia ter mandado. Então não adianta chegar aqui, agora, e
começar a jogar pedra, porque não vai servir esse discurso, senão ficariam
muito fragilizados ao dizer: “Olha, eu fiquei dezesseis anos no Governo e não
fiz o que eu acho que deveria fazer.” Agora, outro Prefeito assume e, em dois
meses, veta um artigo de lei que não é uma lei nem sequer de autoria do
Executivo, e eu chego aqui com um caminhão de pedras e começo a atirar? Não. Eu
acho que dá para estabelecer um diálogo franco, aberto, sincero. E eu vejo essa
disposição por parte do Governo, eu vejo essa disposição por parte dos
empresários e eu vejo disposição por parte deste Plenário. Agora, não dá para
fazer um discurso histérico e dizer: “Com essa lei, nós vamos salvar a pátria”.
Não, não é isso, porque estiveram por dezesseis anos no Governo, poderiam ter
feito e não fizeram. Então, não dá para vir agora com o discurso fácil de que
são oposição e têm de ser contra tudo. Eu acho que ser contra é muito
importante, desde que se tenha sustentação.
Portanto, Presidente,
eu agradeço a gentileza de ter me cedido mais este espaço e digo que,
efetivamente, o Veto do Sr. Prefeito tem uma razoabilidade enorme. Muitos de
nós votamos favoravelmente a matéria. Creio que nesse diálogo teremos
capacidade, até o final desse debate, de encaminhar o nosso voto. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Márcio Bins
Ely está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/04 com Veto Parcial.
O SR. MÁRCIO BINS
ELY: Ver. Nedel, neste momento na presidência dos
trabalhos, na pessoa de V. Exª quero saudar os demais Vereadores e Vereadoras,
público que nos prestigia com sua presença nas galerias e na audiência da nossa
TVLegislativa. Vim a esta tribuna para emitir a minha opinião sobre o Projeto
que está em questão, sobre o Veto Parcial do Prefeito José Fogaça ao Projeto de
Lei do Ver. Elói Guimarães, fundamentalmente porque fui o Relator, na Comissão
de Constituição e Justiça, do Parecer a respeito do Veto.
A Comissão de
Constituição e Justiça esteve reunida, no dia 3 de março, para deliberar sobre
esse assunto e, na realidade, aprovou o Parecer no dia 8 de março, tendo todos
os Vereadores presentes se manifestado favoráveis pela manutenção do Veto do
Prefeito Fogaça. Também, no sentido de dar subsídio aos colegas Vereadores para
que possam se manifestar e votar relativamente a este Veto, quero dizer que a
Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação - CUTHAB - e a Comissão de
Saúde e Meio Ambiente receberam manifestações de todos os presentes, que, por
unanimidade, foram favoráveis à manutenção do Veto.
Quero comungar da
idéia do Vereador que me antecedeu, Ver. Sebastião Melo: na realidade, o
objetivo dessa legislação, que foi o motivador do Ver. Elói para tê-la
constituído, está assegurado. O principal fundamento, que é a base do Projeto,
está assegurado, pois se trata de um Veto Parcial do Prefeito Fogaça. A
preocupação do Prefeito é justamente com relação ao vício de
inconstitucionalidade que está presente num dos artigos do Projeto de Lei que,
na realidade, não prejudica em nada a idéia global do Projeto.
Eu gostaria de fazer aqui uma breve leitura do art.
5º, inciso XXXVI da Constituição Federal (Lê.): “A Lei não prejudicará direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” Então é nesse sentido
que eu quero, também, dar a minha contribuição a esse debate, para que isso
possa servir de subsídio aos Vereadores no sentido de que se garanta a idéia
fundamental do Projeto de Lei sem trazer prejuízos legais, nem vício de
inconstitucionalidade, acatando-se aqui o Veto Parcial do Prefeito Fogaça e
tendo a tramitação normal, que seguirá adiante após essa votação, garantida a
idéia, o conjunto global da lei elaborada pelo Ver. Elói Guimarães.
Acredito que se trata
aqui do entendimento de uma razoabilidade, acredito que existam situações que
vêm de há bastante tempo em nosso Município, que já estão criadas - como foi o
fato mencionado do posto de gasolina ao lado do Estádio Beira-Rio -, algumas
questões realmente já estão postas em nosso Município, dificilmente neste
momento nós poderemos votar uma lei que possa alterar o que retroage da
presente data. Mas creio que nós, legislando daqui para frente, estabelecendo
regras para garantir a segurança das crianças nas escolas, creches, estádios de
futebol, garantindo uma distância de quinhentos metros de um posto de gasolina
para o outro, estaremos dando um grande passo, fazendo um grande avanço.
Quero dizer que,
assim como fiz quando exarei o presente Parecer, novamente vou estar
trabalhando pela manutenção do Veto, porque entendo que dessa maneira estaremos
assegurando a lei na sua plenitude, na forma como ela foi elaborada, sem ferir
preceitos constitucionais e legais. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para discutir o PLCL nº 005/04, com Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nedel, presidindo os
trabalhos, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós estamos discutindo
o Veto ao art. 3º deste Projeto que se transforma em Lei Complementar, que não
tem o objetivo de resguardar a segurança do cidadão. Porque, Ver. Professor
Garcia, infelizmente, para todos nós, não há como corrigir os malefícios que já
estão instalados na nossa Cidade, como a proximidade de postos de gasolina de
alguns locais extremamente freqüentados, como é o caso, por exemplo, do
Hospital de Pronto Socorro, que tem bem ao lado um posto de combustível.
Então, o que nós
estamos aqui discutindo com relação ao art. 3º seria praticamente despiciendo,
porque quem me disser que isso é segurança do cidadão e da criança está
cometendo, eu acredito, uma falsidade. Para nós discutirmos segurança, nós
teríamos de corrigir desde o início, corrigir tudo e não permitir nem mesmo
àqueles postos que já estão instalados que permaneçam nessa distância de
quinhentos metros; teríamos de redefinir a Cidade, teríamos de prejudicar
algumas pessoas que dizem que já têm o seu direito adquirido. E eu acredito que
essa discussão sobre o direito adquirido é uma coisa que pode, realmente, não
agradar, muitas vezes, aquelas pessoas que pensam ter direito adquirido; eu não
posso acreditar que o direito adquirido que está na Constituição possa ser
maior do que o direito à vida. Eu não posso, realmente, fazer essa discussão
baseado no direito adquirido; eu acho que não pega bem fazer a discussão por
essa vertente.
Agora, falarmos que
aquele cidadão que tem ainda o seu processo em tramitação - o art. 3º cuida
disso - é o que não poderia ter o seu processo aprovado realmente seria uma
demasia, porque aquelas pessoas que têm processos em andamento poderiam ver,
nesse meio tempo, Ver. Oliboni, uma creche ou uma escola instalada bem próximo
do local do seu projeto, porque não há nenhuma proibição para a instalação de
creches e escolas. Então, para alguém que tenha um processo em andamento
poderia acontecer que, durante o tempo de tramitação do processo, fosse
colocada ali, bem próximo de onde ele pretendia colocar o seu posto de
combustível, uma escola, uma creche ou alguma coisa que fosse extremamente
freqüentada, como é o caso do Pronto Socorro.
Então, este Veto não
tem, na verdade, nenhum valor com relação a nós preservarmos a segurança do
cidadão. Eu acho que, se quiséssemos discutir a segurança do cidadão, nós
teríamos de tomar uma medida extremamente antipática e começar a discutir esse
tema a partir de uma remontagem da Cidade com relação à colocação de postos de
combustível, proibindo aqueles postos que estão em local de extremo perigo para
a população. Um dos poucos, o que eu cito, é aquele perto do Hospital de Pronto
Socorro, que, acredito, seja quase que um simbolismo com relação ao perigo que
um posto de gasolina pode representar para um local muito freqüentado.
Ver. Elói Guimarães,
eu sei que V. Exª , que comandou este Projeto, esteve nos limites que foram
oferecidos para V. Exª ; por isso mesmo talvez tenha caminhado muito
bem, mas acredito que não haja nenhum problema para esta Casa ou para a
sociedade em aceitar este Veto; não estaremos colocando a sociedade em maior
perigo do que aquele em que ela já se encontra hoje, com os postos de
combustível nas proximidades de escola, de creche, de pronto-socorro e de
muitas outras entidades onde muitas pessoas freqüentam.
Eu vou caminhar nessa
via que me permite a aceitação do Veto, sabendo que a Cidade toda precisaria
sofrer uma grande revisão com referência aos postos já existentes, para que
esta discussão terminasse, quem sabe, no momento em que nós pudéssemos ter a
cidade ideal para todos nós morarmos, sem que crianças, sem que pessoas
corressem perigo desse tipo.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Paulo Odone
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/04, com Veto Parcial.
Se o Prefeito estivesse fazendo isso como ameaça,
não seria de bom-tom, mas o Prefeito, exatamente por isso, na proteção de todos
os interesses que estão em jogo, diz (Lê.): “Na verdade, vetado o art. 3º da
Proposta de Lei Complementar, será possível, quando da sua regulamentação,
estabelecer os necessários critérios de transição entre os dois sistemas de regramento
da atividade varejista de produtos perigosos, com o objetivo de preservar o
direito adquirido e ato jurídico perfeito dos empreendimentos privados já
instalados no Município ou que se encontram em fase de tramitação”. Lá no
final, o Prefeito, no seu Veto, atendendo a essa proposta de diálogo e de
entendimento, para que não haja prejuízo drástico, diz (Lê.): “Desse modo,
resta cristalina a necessidade do veto ao artigo 3º da Lei Complementar, para
fins de possibilitar a implantação, no futuro, do regramento por ela
estabelecido, sem qualquer vício de inconstitucionalidade”. Lá no começo, ele
coloca: “Desse modo, cumpre notar que a Proposta de Lei Complementar impugnada,
acaso entrasse em vigor na forma apresentada, resultaria na imposição ao Executivo”
- imposição ao Executivo - “do dever de investir contra um sem-número de
situações de empreendedores privados que, atualmente, se encontram atuando
regularmente e seriam, num curto espaço de tempo, jogados na ilegalidade”.
Portanto, está no
Veto do Prefeito a sensibilidade às situações existentes de fato e de direito;
está aqui contida, na regulamentação do Prefeito, a sua manifestação de vontade
de estabelecer o regramento de transição para que se atendam às novas regras
para o funcionamento desses postos na Cidade que esta Câmara decidiu e elegeu e
às situações existentes. Aqui nesses casos, de novo, não há discussão
político-partidária, ideológica, de oposição ou de situação; aqui há um
posicionamento de bom senso. Se o Executivo está-se propondo, por escrito, no
seu Veto, pelo seu Prefeito, pela Líder e pelo Vice-Líder de sua Bancada, a
estabelecer os regramentos, que as partes envolvidas possam - se quiserem,
estamos dispostos; se foi isso que o Ver. Sebastião Melo também pediu - ajudar
nesse canal de diálogo, para que essa transição se faça harmônica, sem pôr em
risco a segurança da sociedade, mas também sem criar danos àqueles
empreendedores que fizeram os seus investimentos ou que pretendam fazer. Por
isso, nós pedimos a manutenção do Veto com esse propósito do bom diálogo.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulo Odone,
peço o tempo do Ver. Ismael e cedo para V. Exª para que eu possa fazer este
aparte. Eu vi que o Vereador defendeu uma das linhas de argumentação do Sr.
Prefeito no que diz respeito ao direito adquirido. Eu vou votar exatamente como
disse o Prefeito, aceitarei o Veto. Só que eu não posso aceitar a idéia do
direito adquirido, quando nós, na verdade, estamos trabalhando com a instalação
de postos de combustível que podem colocar em risco a vida de pessoas, porque
vão ser instalados próximos, às vezes, a creches, próximos a locais
extremamente freqüentados. Então, não posso falar em direito adquirido. O
direito de um cidadão, por causa de um processo que lhe dá o direito de
instalar o posto, não pode ser maior do que o direito das pessoas à vida. Eu só
não posso realmente aceitar essa linha de argumentação do Sr. Prefeito, quando
fala no direito adquirido. Com relação ao Veto, acho que sim, porque já há
postos instalados em todos os locais da nossa Porto Alegre colocando em risco
muitas regiões da Cidade, e isso tem de ser discutido depois, de uma forma mais
globalizada, incluindo também esses aí que estão em processo de tramitação.
O SR. PAULO ODONE: Ver. Luiz Braz, até agradeço o tempo cedido; acho extremamente
ponderáveis as suas afirmações. E acredito que essa lista - um pedido da Ver.
Mônica Leal - contemple alguns casos que não constituem direito adquirido,
talvez porque nenhuma situação de ato jurídico perfeito e acabada possa ter
constituído o direito adquirido, mas há outros que certamente até de vista ou
de ouvido V. Exª diria. Eu percebo postos, pequenos postos, do quais por acaso
eu fui cliente, que estão há quase trinta anos funcionando, que tinham alvará
e, de uma hora para outra... Certamente, o Poder Judiciário não vai negar - a
não ser que fosse um caso de extrema periculosidade e risco de vida - a eles o
direito de continuarem a funcionar se o regramento assim o fosse.
Vamos confiar um
pouco no Executivo no sentido de que ele, olhando esse contexto, no regramento
de transição, possa separar o joio do trigo e saber o que é direito adquirido
ou quais as condições para que prossigam ou não esses processos, tenham
deferidos ou não os seus pedidos. Melhor do que dar o argumento jurídico forte
a quem não quer se adaptar é que o bom senso faça com que o Executivo
estabeleça as condições para que eles se adeqúem. De qualquer maneira, isso não
tira o seu alerta, a procedência, mas coloca nas mãos do Prefeito a
responsabilidade, o ônus de fazer um bom regramento de transição; o que não
impede, portanto, que nós, pelo bom senso, mantenhamos este Veto Parcial. Muito
obrigado pela sua intervenção.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Carlos Nedel): O Sr. Adeli Sell está com a
palavra para discutir o PLCL nº 005/04, com Veto Parcial, por cedência de tempo
da Verª Sofia Cavedon.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, Ver. Paulo
Odone, não se trata de dar ou não crédito ao Executivo, nós não estamos aqui
colocando em xeque uma opinião do Executivo. Nós estamos discutindo a letra
fria da lei. O Executivo teve as suas razões, tem o seu mérito em se opor a uma
parte do Projeto de Lei, e nós temos também o nosso mérito em questioná-lo, com
base em uma visão da legislação. Eu posso argumentar inclusive que o Executivo
terá grandes dificuldades porque ficará, em torno de seis meses, sem ter uma
legislação efetiva sobre esse caso, depois de uma grande discussão aqui na
Câmara de Vereadores.
Aqueles que entraram
com pedidos no ano de 2000, por exemplo, eu não entendo como não tenham buscado
na sua entidade de classe, na representação da Câmara de Vereadores, um
questionamento por uma demora de quatro anos, de cinco anos, para aprovação de
um projeto, de uma licença de operação. Porque quem trata fundamentalmente
desse caso é a SMAM, só depois disso é que a Secretaria Municipal da Produção,
Indústria e Comércio dá ou não o alvará. Então, essa que é a discussão real, a
discussão concreta.
Eu também topo a
parada do Ver. Luiz Braz de fazer uma discussão sobre o conjunto, e nós
faremos, porque vamos rediscutir o Plano Diretor, vamos discutir sobre o Código
de Obras, sobre o Código de Postura do Município. Nós estamos aqui para
“colocar a mão na massa”, para trabalhar em todas as questões da Cidade, na sua
globalidade, para que possamos ter a Cidade ideal - é isso que buscamos.
E aqui não se trata,
Ver. Braz, de uma disputa entre oposição e situação, porque não está em jogo
nenhuma questão ideológica, não está aqui em jogo nenhuma disputa
político-partidária; há, sim, uma discussão de um ponto da legislação,
inclusive sobre o que é ou não direito adquirido, porque, se não houver nem
licença-prévia, nada, nenhum deles terá direito adquirido. Não sou advogado
como V. Exª , mas quero discutir o tema.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Excelente a linha de
abordagem de Vossa Excelência. Realmente não é uma questão ideológica, nem
partidária, não é de oposição, nem de situação, nós é que temos de nos unir
para que realmente possamos fazer o ideal para a Cidade, e eu acho que a Cidade
está precisando dessa rediscussão global.
O SR. ADELI SELL: Já dissemos anteriormente que somos parceiros, queremos ter militância
em prol dessas questões e vamos trabalhar diuturnamente em prol do
desenvolvimento econômico e social da nossa Cidade, no respeito à livre
concorrência, dentro de critérios justos, e não de oligopólios, não de
atravessamento de megaempreendimentos, que querem, na verdade, destruir os
pequenos e médios empreendimentos que dão a capilaridade econômica e social
para uma Cidade do porte de Porto Alegre. A nossa formação é essa.
A nossa formação
sempre se deu em contraposição aos megaempreendimentos, que não trazem nenhum
benefício a nossa Cidade. Eu volto ao caso do Carrefour. É evidente que em
alguns dos locais aqui mencionados há perigo. Agora eu quero saber: qual o
lugar mais temeroso, mais perigoso do que um supermercado, com tudo que há dentro,
com centenas de pessoas comprando, com centenas de automóveis estacionados
junto e com um posto de gasolina no seu estacionamento? Eu quero saber se
existe algum lugar mais perigoso do que esse? É uma questão que temos de
discutir.
Eu já coloquei e
escrevi um artigo: “O Carrefour faz mal”, e o coloquei na porta do meu
gabinete. Os advogados do Carrefour discutiram comigo quando eu era Vereador e
quando era Secretário e sempre recuaram nas suas posições, porque sabem que
estão errados, sabem que usaram brechas da lei, sabem que utilizaram
subterfúgios. Eu, inclusive, contra o meu Governo, militei contra a instalação
do Carrefour na Av. Plínio Brasil Milano; militei contra, escrevi artigos
contra e, hoje, convenço-me de aquilo estava errado, mesmo com as compensações,
porque aquelas compensações mixurucas que nós ganhamos não deram para nada.
Inclusive, conseguimos utilizar bem o dinheiro quando eu estava na Secretaria,
foi constituído um fundo especial com o qual fizemos formação de mão-de-obra e
constituímos um novo tipo de pequeno empreendedor na região, porque o Carrefour
destruiu muitos e muitos empregos naquela região. Perguntem ao nosso colega
aqui, o Ver. Brasinha, o que ele acha da situação de estar ao lado do
Carrefour, fazendo o que ele faz como pequeno empreendedor, se do outro lado o
sujeito se beneficia de toda a legislação e, inclusive, com a sua
contabilidade, prejudica e faz concorrência desleal; perguntem.
Não se trata,
portanto, de uma disputa aqui de oposição e de situação, nem disputa ideológica
ou partidária, mas de direito econômico; isso, sim, estamos discutindo nesta
Casa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): Em votação o PLCL nº
005/04, com Veto Parcial. (Pausa.) O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar a votação.
O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. João Nedel, demais Vereadores e Vereadoras, encaminho em nome
da Bancada do PCdoB, composta por este Vereador e pela Verª Manuela d’Ávila, e
em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a pedido da sua Líder, Verª
Maristela Maffei.
Todos têm claro qual
é o artigo vetado. Ele determina que os processos para concessão de licença e
autorização para funcionamento de postos de abastecimento de combustível e
serviços que estiverem em tramitação, quando da entrada em vigor dessa lei,
sejam imediatamente adequados às exigências aqui previstas.
Alguns Vereadores
encaminharam alegando que esse artigo fere o direito adquirido. Eu queria dizer
que cometem um absurdo jurídico ao defender isso. Isso não é direito adquirido,
é um processo que está em tramitação para conquistar autorização, como qualquer
processo. Se eu entrar com um pedido, por exemplo, para estabelecer uma boate
em determinada região, eu terei direito adquirido, porque iniciei a tramitação?
Isso não se sustenta, isso é uma expectativa de direito. Então, cai por terra
esse argumento por ser sem nenhuma base lógica ou jurídica. Outros até dizem o
seguinte: “Não, mas o direito à vida é superior ao direito adquirido, mas é inferior
ao direito de propriedade”. Aí meus amigos chegamos ao laisser-faire; o
direito à vida sucumbe diante do direito à propriedade. Também é inadmissível.
Vejamos por que
estamos defendendo a derrubada do Veto. Digamos, Verª Neuza Canabarro, que
nenhum dos 36 Projetos tramitando seja ao lado de um hospital; nenhum deles
seja ao lado de uma creche; nenhum deles seja ao lado do Hospital Banco de
Olhos; nenhum deles seja dentro do estacionamento do supermercado - nenhum
deles, portanto, será atingido. Se nenhum deles é atingido, o art. 3º é inócuo
e não há problema. E os 36 Projetos - eu falava, pelo menos, de uns trinta na
semana passada - serão aprovados, Ver. Nedel, porque nenhum deles incorre em
situação de risco. Agora, vamos supor o contrário: três deles, Ver. Elói
Guimarães, autor da lei, são ao lado de creches; quatro são dentro de
supermercados; cinco são ao lado de hospitais; nove são em locais como praças e
assim por diante, e aí nós vamos aprovar isso?
Então, vejam bem, é
uma medida de precaução para vida, para o direito à vida, que é superior, Ver.
Odone, ao direito à propriedade, que é superior à expectativa de direito. Vossa
Excelência, como advogado, deve ter claro que foi uma heresia dizer que foi um
direito adquirido o que estamos atingindo, que os tribunais vão dar ganho de
causa, porque alguém entrou com o processo. Então, eu entro com o processo para
pedir a instalação de uma clínica em um lugar inadequado e já tenho o direito
adquirido. Isso não existe! É fazer pouco da inteligência e do conhecimento dos
Vereadores.
Portanto, Ver. Luiz
Braz, a vida é superior ao Direito e é superior à propriedade, Vereador. Talvez
aqui haja uma visão diferenciada de V. Exª, que resguardou o direito à
propriedade - se eu entendi bem; se eu entendi mal, tenho certeza de que V. Exª
votará pela derrubada do Veto!
Concluindo, achamos
que é uma precaução em defesa da vida. Agora, fazemos uma proposta, Verª Clênia
Maranhão: derrubemos o Veto, e nós, a Bancada do PCdoB - e penso poder falar em
nome da Bancada do PT -, aprovaremos, em tempo recorde, um projeto que o
Prefeito Fogaça envie para esta Casa, eliminando qualquer problema de uma
questão de transição que não esteja contemplada.
Agora, se o Governo
me assegurar que esses 36 Projetos não são ao lado de creches, de hospitais, de
escolas ou de locais de grande aglomeração de pessoas, se me assegurarem que
eles não estão nessa situação, eu voto! Mas digo o seguinte: pode manter o
Veto, porque não atinge, Ver. Almerindo, não é mesmo? Se não for escola, não
for creche, não for igreja, estão aqui os templos, Ver. Almerindo - V. Exª tem
de zelar pelos fiéis também, não é isso? -, então, o seu voto, certamente, será
um voto para derrubar este Veto e garantir a vida das crianças das creches, das
crianças das escolas, dos fiéis nas igrejas, das pessoas que estão nos
estacionamentos. Temos de ser coerentes. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para encaminhar a votação do PLCL nº 005/04, com Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, o Ver. Raul Carrion ouve apenas um fragmento de um discurso e já
faz toda uma argumentação sem conhecer o teor integral daquilo que foi dito. Quem
chegou aqui nesta tribuna e duvidou do direito adquirido e da argumentação
colocada pelo Sr. Prefeito foi este Vereador.
Só que o Ver. Carrion
deveria prestar atenção. Antes de vir a esta tribuna, deveria ter ouvido que o
seu Governo, nesses dezesseis anos em que esteve empossado, deveria ter cuidado
para resolver o problema que ele traz aqui e quer que o Governo Fogaça resolva
em três meses.
O perigo que os
postos de gasolina representam para a vida de pessoas quando estão instalados
perto de locais muito freqüentados - como é o caso do Hospital de Pronto
Socorro, já coloquei, perto de escola, perto de supermercados - é alguma coisa
que não existe a partir dessa Emenda, não existe a partir deste Veto, não
existe a partir deste Projeto que foi aprovado também com os votos da Bancada
do PT na época em que era Governo.
Nós, Vereadores, e o
Governo Fogaça, que é realmente um Governo preocupado com os problemas da
Cidade, devemos, eu acredito, discutir o perigo da colocação desses postos de
gasolina nas proximidades de hospitais, creches e escolas. Não são alguns
postos a mais que vão, na verdade, trazer esse perigo; são os postos que já
estão colocados. Eu gostaria de ter ouvido o Governo ou os Vereadores do
Governo passado a respeito do problema na sua totalidade. Mas vir aqui dizer
que estão defendendo a vida de pessoas só porque não vão aceitar o Veto do
Prefeito Fogaça a este artigo nº 3, eu acho que é uma demagogia das mais
deslavadas e que não podemos aceitar. Acho que a discussão deve ser feita, ainda,
no global. Esses processos que estão aí tramitando e que, de repente, vão dar
direito a essas pessoas de instalarem os seus postos de combustíveis
representam um acréscimo ínfimo naquilo que já há instalado dentro da Cidade.
Vamos discutir na sua totalidade? Eu acho que sim; é uma obrigação nossa e uma
obrigação do Governo.
Agora, nós temos de
fazer com que os Vereadores do Governo passado dêem a mão à palmatória, porque,
em momento algum, eles vieram a esta tribuna para discutir, em dezesseis anos,
os problemas vinculados aos postos de combustíveis. E, quando vieram à tribuna,
vieram aqui para aprovar in totum o Projeto do Ver. Elói Guimarães, que
trabalhou, é claro, nos limites possíveis para ele, mas que foram totalmente
aceitos pela Bancada situacionista do passado. Agora, esses Vereadores perdem
direito de vir a esta tribuna e discutir sobre direito à vida, porque eles
nunca se preocuparam com isso; eles não estavam preocupados com esse tema. Essa
preocupação surgiu na discussão desta tarde. E, aí, o Ver. Carrion, sem prestar
atenção ao discurso, veio aqui e quis fazer uma correção completamente
desnecessária, chegando ao cúmulo de dizer que este Vereador teria dito que o
direito à propriedade é maior do que o direito à vida. É só revisar o discurso
deste Vereador e ver que V. Exª fez uma demagogia desnecessária, que não pode
ter cabimento mais nesta tribuna.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(João Carlos Nedel): Em votação o PLCL nº
005/04. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO o Projeto por 14
votos SIM, 12 votos NÃO, 6 ABSTENÇÕES. Mantido o Veto.
Para derrubar
o Veto, existe a necessidade da obtenção de 19 votos. A votação não atingiu os
19 votos, portanto está mantido o Veto e rejeitada essa parte do Projeto.
Solicito que o voto do Ver. Ervino Besson seja observado como “abstenção”. No
painel, encontra-se como “não”.
A Diretoria Legislativa me informa que, de
qualquer forma, são necessários 19 votos, e não vai ser modificado o resultado.
Foi aceito o Veto.
(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência
dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Nós gostaríamos de saber da possibilidade de acordo para votação de matéria
inadiável.
O
SR. LUIZ BRAZ (Requerimento):
Sr. Presidente, estou conversando aqui com o Ver. Todeschini, e entendemos que
há dois Requerimentos cujas votações se fazem necessárias. Um é o Requerimento
nº 071/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, e o outro é o Requerimento nº
074/05.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Em votação o Requerimento do Ver. Luiz Braz. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem
aparte)
REQ. N.º 71/05 – (Proc. nº 1377/05 – Ver. José Ismael Heinen) – requer Sessão Solene a ser realizada no dia 06 de maio de 2005, às 15 horas, destinada a homenagear os “Sessenta anos do Dia da Vitória”. (incluído em 16-03-05)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em
votação o Requerimento nº 071/05. (Pausa.) O Ver. José Ismael Heinen está com a
palavra para encaminhar a votação.
O SR. JOSÉ ISMAEL
HEINEN: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães;
Vereadoras e Vereadores, neste dia 6 de maio de 2005, comemoraremos os 60 anos
do Dia da Vitória, do término da Segunda Guerra Mundial em 1945. Trago para que
sejam homenageados por esta Casa os heróis vivos ainda daquela façanha, hoje
octogenários, todos integrantes da Força Expedicionária Brasileira.
Um dos maiores motivos de homenagearmos os
vitoriosos dessa guerra, que combateram no além-mar o nazifascismo em busca das
liberdades da democracia no mundo contemporâneo, é a oportunidade de ainda
podermos, no dia de hoje, ter o testemunho vivo de alguns atores dessa façanha,
que escreveram talvez uma das mais importantes façanhas épicas da nossa
nacionalidade. Peço o apoio dos senhores para aprovarmos essa comemoração em
homenagem ao sentimento e à bravura desses participantes.
Solicito aos senhores
a compreensão e o apoio para podermos homenagear mais uma vez esses integrantes
da Força Expedicionária Brasileira. Ainda é, meus senhores e minhas senhoras,
uma homenagem viva da história Pátria, envolvendo o cumprimento do dever em
prol da nossa nacionalidade. Teremos a presença viva do testemunho desses
atores que foram resgatar a liberdade e a democracia, todos com mais de oitenta
anos. Mas tenho a certeza de que eles estão vivos para sempre, jovens na
memória de nós todos! Peço o apoio de todos os Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras desta Casa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 071/05.
O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, Ver. Ismael Heinen, eu
vou fazer um encaminhamento rápido. Eu queria parabenizá-lo por essa
iniciativa, pela a realização de uma Sessão Solene no dia 6 de maio comemorando
o Dia da Vitória.
Todos nós sabemos,
Ver. Ismael, sobre a importância da luta que a humanidade esteve envolvida
neste período, de 1939 a 1945, contra a besta nazifascista que agrediu os povos
do mundo e que pretendia um reinado eterno. No Brasil, o próprio Governo do
Presidente Vargas inclusive tinha muitas relações e proximidades com os países
do Eixo: Alemanha e Itália. Mas levantou-se em todo o País uma grande
mobilização; nacionalistas, humanistas, democratas, comunistas fizeram a frente
pela ida de uma Força Expedicionária aos campos de batalha da Europa,
compreendendo que lá se decidiam os destinos do mundo. Nessa luta, também jogou
um papel decisivo a então União Soviética, que, praticamente, até 1944, em
torno de 1940 a 1944, resistiu praticamente sozinha aos exércitos hitlerianos
que haviam dominado a Europa Continental, ocupavam o norte da África e
ameaçavam o Oriente Médio.
Os historiadores nos
mostram como os Estados Unidos e Inglaterra procuraram adiar sine die o
desembarque na Europa, visando ao desgaste e à própria destruição da
experiência socialista soviética. Somente após Stalingrado e após a remetida
dos exércitos soviéticos que levaram de roldão as tropas nazifascistas é que se
dá, Ver. Elói, o desembarque do Dia D na Europa.
Então, essa luta
contra o nazifascismo é uma luta que deve ser lembrada, e os pracinhas
brasileiros, Ver. Ismael, fizeram também importante e heróico trabalho no
avanço do sul da Europa em direção à própria Alemanha. Bem lembrada essa
homenagem, ela nos propiciará uma grande discussão e até uma revisão histórica,
pois muito ainda há para ser esclarecido sobre esses acontecimentos. Parabéns,
Ver. Ismael, conte com o apoio da Bancada do PCdoB. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Em votação o Requerimento nº
071/05. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. N.º 74/05 – (Proc. nº 1480/05 – Vereadores Carlos Todeschini, Carlos Comassetto, João Antonio Dib, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste e Maristela Maffei e outros) – requerem Moção de Solidariedade encaminhada à Assembléia Legislativa pela rejeição do Veto oposto pelo Governador Germano Rigotto, ao art. 2.º, § 2.º do Projeto de Lei n.º 027/04 que estabelecia regras gerais para as parcerias público-privadas no Rio Grande do Sul. (incluído em 14-03-05)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Em votação o Requerimento nº
074/05. (Pausa.) O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, assistência do Canal 16, estamos encaminhando a votação desta
Moção, que está subscrita também por vários colegas: Ver. João Antonio Dib,
Verª Manuela d’Ávila, Verª Margarete Moraes, Verª Maria Celeste, Verª Maristela
Maffei, Verª Maristela Meneghetti, Ver. Bernardino Vendruscolo, Ver. Professor
Garcia e outros. Ela é dirigida aos Deputados Estaduais para que rejeitem o
Veto do Sr. Governador referente a um Projeto de Lei do Deputado Estilac Xavier
que retira os serviços de água do objeto do Projeto Parcerias Público-Privadas
na Assembléia Legislativa, em curso, encaminhado pelo Governo do Estado do Rio
Grande do Sul.
Eu falo isso porque
já fiz esse debate também, acompanhei toda a evolução do Governo Federal e
debati contrariamente também, porque água e saneamento são bens
essencialíssimos, necessários à Saúde Pública, ao bem-estar e, portanto, devem
ser objeto de ação social, de prioridades políticas e de investimentos
públicos. Também como Vice-Presidente Nacional da Assemae - conforme falei
anteriormente -, nós provamos que, economicamente, os serviços de água, na
modalidade de Parceria Público-Privada, assim como o saneamento, custam, em
regra, o dobro do que se executados por empresa pública, por autarquia ou por
companhia, tanto pública como municipal. E a água, neste momento escassa, gerando
sacrifícios e martírios para a nossa população, para a população catarinense e
para parte do Uruguai, jamais deve ser objeto de cobiça, de ganância e de
poderosos interesses. E por isso é que nós estamos encaminhando esta Moção para
sensibilizar os Deputados no sentido de não aceitarem o Veto do Sr. Governador
ao Projeto, pois incluiria a água como elemento de negócio, de mercadoria.
E nós não estamos
aqui falando nada contrário ao mercado, nada contrário à modernidade. Não é
isso! O problema é que a água é um bem público, deve ser um bem público, mas
ela deve ser, sobretudo, um bem social que requer subsídios cruzados, sendo que
aqueles que gastam mais, aqueles que têm mais condições devem aportar a sua
contribuição para aqueles que não a têm.
Em Porto Alegre, por
exemplo, nós temos pessoas que se beneficiam da tarifa social em 53 mil ramais.
São aquelas pessoas que pagam apenas um preço simbólico e que recebem o
incentivo do subsídio cruzado. No momento em que os serviços de água forem
privatizados, no momento em que a água operar no regime da Parceria
Público-Privada, o que vai acontecer é o seguinte: se a pessoa puder pagá-la, a
empresa obterá lucros, obterá excedentes, obterá vantagens; mas, se as pessoas
não puderem pagar, ou elas ficam sem água ou o Governo terá de pagar por elas.
E nós já vivemos num regime em que os Governos têm dificuldade com relação a
impostos, têm restrições, porque as demandas de serviços já são enormes. Então,
aquele dinheiro que hoje é advindo dos excedentes, dos lucros da empresa
pública e que é financiador da tarifa social do atendimento aos mais pobres
deixaria de existir, onerando ainda mais o Poder Público, o Estado, e colocando
as pessoas na mendicância, na submissão, naquele regime que nós abominamos.
Porque água é saúde, porque água é inclusão social, porque água está dentro da
necessidade do atendimento das mais básicas necessidades de toda a vida humana!
Por isso eu peço,
encarecidamente, aos Srs. Vereadores, às Sras. Vereadoras para que apóiem esta
Moção a fim de possamos enviá-la à Assembléia Legislativa, uma vez que a
Assembléia votará, no dia de amanhã, o Projeto da PPP, o Veto do Sr.
Governador, especificamente, sobre a questão da água, para que nós possamos ter
a água preservada como bem um público, social e afastada da cobiça, da ganância
e dos poderosos interesses das multinacionais. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 074/05.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; meus colegas Vereadores e
Vereadoras, o que justifica, Ver. Todeschini, a caminhada política não são os
discursos, mas as práticas políticas.
O Ver. Todeschini e
os Vereadores que subscreveram esta matéria são originários do Governo Federal
que fez as PPPs nacionais e que não excluiu das PPPs nacionais a questão da
água. E aí, Ver. Braz, de forma demagógica, o Sr. Estilac Xavier vai fazer essa
Emenda demagógica. Que autoridade tem a Bancada do PT, que está de mãos dadas
com essa “banqueirada”, privatizando este País de roldão? E vem aqui agora
dizer que o Governo do Estado não pode fazer parceria!
A concessão da água
continuará sendo pública! Ponto. O que o cidadão lá da ponta quer, Ver.
Todeschini, aquele que mora onde nem o caminhão-pipa chega, é ter água potável,
quer Saúde Pública, quer dignidade humana! E nós sabemos que o Poder Público
brasileiro, lamentavelmente, hoje não tem dinheiro nem para pagar os minguados
salários dos funcionários e, muito menos, a dívida do Estado. A capacidade do
Estado do Rio Grande do Sul é de investir apenas 3% do seu Orçamento.
Se o Governo de V.
Exª tivesse feito o contrário lá em cima, o discurso de V. Exª teria
sustentação; mas o discurso não tem sustentação! Isso é que nem tiro sem bala,
Ver. Sebenelo; na verdade, não se sustenta porque o Governo da União hoje é um
Governo que está em forte parceria com a iniciativa privada. Eu até não vou
condenar o Presidente Lula, mas é um Governo que tem hoje um discurso populista
para os pequenos e que está governando para os grandes neste País. Essa é a
grande verdade! Ou por acaso aqui alguém tem dúvida disso? O Presidente Lula
continua por aí com esse discurso populista, mas irmanado especialmente com o
setor financeiro. Aliás, Ver. Comassetto, eu não esperava ver o Presidente do
Citibank, em Davos, sentado à direita do Presidente Lula e eu vi, estampado no
Jornal Nacional, cumprimentando-o pelo modelo econômico adotado pelo Presidente
Lula. Quando ele fez aquilo, eu pensei: o povo está liquidado. O povo está
liquidado!
E aí o Ver. Carlos
Todeschini chega aqui com o discurso de que a Corsan é uma empresa viável, é
uma empresa pública, de que tem que continuar sendo pública, que não dá para
privatizar a água, que água é um bem que não se privatiza, e não é disso que
nós estamos falando, Ver. Bernardino. Evidentemente, Ver. Todeschini, V. Exª
tem razão, o cidadão que está a 200km da chegada da água, se os serviços fossem
privados, a água não chegaria. Então, não é disso que nós estamos falando, pois
nesse local continuará sendo público, porque lá não haverá interesse
empresarial.
Agora, a Emenda
vetada pelo Governador Rigotto diz que naqueles empreendimentos, que serão
amplamente estudados pelo Governo, pelo controle social e aprovados pelo
Governo, haverá parceria. O cidadão lá da ponta não quer saber se o capital é
privado, se é misto, se é público, ele quer saber se ele terá água, se ele terá
esgoto. Então está equivocado este Requerimento, profundamente equivocado.
Estão tentando vender gato por lebre. Estão dizendo coisa que não é verdade,
dizendo que o Governo do Estado quer privatizar a água. Não! Vossa Excelência
tem que olhar a Lei nº 8.079, que é do Governo Federal, e que lá não se impõem
restrições a parcerias, nem sequer com o saneamento básico. E disso não fala.
Mas aqui a Bancada petista segue o mesmo ritual: acena para os pequenos e
governa para os grandes. Esse é o protótipo deste Governo neoliberal,
recauchutado, liderado pelo Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está
com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 074/05.
O SR. JOSÉ ISMAEL
HEINEN: Exmo. Sr. Presidente, nobres colegas, em nome da
nossa Bancada começamos a nos pronunciar dizendo que não apoiamos a
solidariedade encaminhada para com o Veto do Governador, motivada pelas razões
já expostas, porque essas PPPs, em nível federal, também não excluíram a água
dessa regulamentação. Mas o que mais nos chamou atenção foi que, como a água é
um direito de todos, logo, logo foi jogado um imposto sobre da água, incidindo,
com certeza, Ver. Sebastião Melo, um imposto de dois centavos por metro cúbico
de água no País inteiro. Nos últimos anos, no nosso Município, as taxas
tornaram a água, que é um direito de todos - testemunhamos quando tínhamos de
economizar água nos clubes sociais -, quase que um bem não-público, ao menos
para os mais necessitados.
Nós temos que buscar,
isso sim, condições para levar a água para todos, mas principalmente - uma
preocupação maior ainda - economizar essa água doce que temos, mas não por meio
da tributação de impostos e em cima de solidariedade a rejeições ao Governador
Rigotto, que, tenho certeza, está preocupado em levar essa água para todos os
gaúchos - uma água sã, sadia a todos os gaúchos - a um preço que todos possam
pagar e, de preferência, com menos imposto ou sem imposto nenhum. Este é
posicionamento da nossa Bancada, Sr. Presidente: votaremos contra a Moção de
Solidariedade.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Manuela d'Ávila está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 074/05.
A SRA. MANUELA
D'ÁVILA: Caro Presidente Ver. Elói Guimarães, Sras. Vereadoras,
Srs. Vereadores, algumas vezes ainda me causam estranheza algumas das reações
dos meus colegas aqui neste plenário. Gostaria de esclarecer. Inclusive
subscrevi esta Moção de autoria do Ver. Todeschini, porque ela não data do dia
de hoje, embora alguns tentem transformá-la num mero jogo do momento atual.
Essa preocupação levantada pelo Ver. Todeschini já tem mais do que duas
semanas, portanto ela é anterior à grande repercussão política que este Veto do
Governador Rigotto teve em nossa sociedade.
É inadmissível, na
minha opinião, que sejam chamados de incoerentes aqueles que sempre estiveram
do lado do patrimônio público, aqueles que combateram - eu comecei a minha
militância nesse momento - as privatizações, por exemplo, ocasionadas quando do
Governo Britto, então do PMDB; aqueles, inclusive, que hoje barram as
privatizações em nível federal, como é o caso do Governo do Presidente Lula. Ou
nós não observamos o rendimento e o crescimento das nossas empresas estatais?
Então, algumas manobras ainda me causam essa estranheza.
Em primeiro lugar,
quando essa Emenda foi apresentada na Assembléia Legislativa, eu conversei com
a nossa Deputada Jussara Cony para poder me informar sobre ela, sobre o seu
conteúdo, os trâmites da sua votação. Ela foi apresentada pelo Deputado
Estilac, mas não foi defendida só pelo Deputado Estilac, só pela companheira
Jussara Cony: ela foi defendida pelo PDT, que manteve sua coerência; ela foi
defendida, inclusive, pelo então Deputado Bernardo de Souza, hoje Prefeito do
Município de Pelotas; ela foi, inclusive, defendida e aprovada com os votos do
Partido Progressista; inclusive, Ver. Luiz Braz, com alguns votos do PSDB.
Então, por que tentarmos agora mascarar o real debate, que é o debate sobre a
questão da água no nosso Estado, cujos serviços já atingem, através do Poder
Público, a 98% da nossa população? Por que tentar transformá-la num
debate rancoroso ou em disputas políticas tradicionais? O debate sobre a água e
a maneira como essa Emenda foi apresentada na Assembléia evidencia isso.
Essa derrota foi
imposta na Assembléia Legislativa quando da aprovação da Emenda - porque
o Veto ainda vai ser derrubado por essa Assembléia, é convicção. Mas quando foi
apresentado, naquele espaço, naquele Parlamento, se conseguiu fazer do que é central,
central, trazendo para o bojo dos debates da sociedade gaúcha a questão e a
problematização do que significa as PPPs terem ingerência sobre os serviços de
água.
Sobre a questão do
nosso Governo Federal, eu gostaria de salientar que, muito embora nós tenhamos
sido contra a questão da inclusão da água, logo após a aprovação das PPPs foram
também criados os consórcios públicos, que permitem a parceria Poder
Público/Poder Público, por exemplo, União/Município, União/Estado, para
conseguir contemplar essas necessidades, o que é direito do povo brasileiro e
que também é, portanto, direito do povo do nosso Estado.
Então, eu peço aos
Srs. Vereadores que atentem e que sejam coerentes com as posições não só das
suas trajetórias políticas, mas com as suas Bancadas em nível estadual, porque
ali se expressam, no entendimento da Frente Popular, não posições
individualizadas somente, mas posições políticas de Partidos que têm trajetória
e que devem manter sua coerência em todos os espaços, em todos os Parlamentos.
Como nós, da Frente Popular, viemos fazendo em todos os Parlamentos, inclusive
quando levantamos as limitações do nosso Governo, o que não é esse caso
objetivo. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, hoje, no período de Comunicações, utilizei este tema para fazer uma
abordagem. Primeiro, quero fazer mea culpa, porque o PSB faz parte do
Governo Federal, mas eu quero dizer que não concordo com o que foi feito pelo
Governo Federal quanto a essa situação específica da água. E eu sou daqueles
que, quando não concordo, prefiro mostrar a minha posição. Muitas vezes as
pessoas se escondem atrás de sua posição dizendo: “Eu queria, mas recebi uma
determinação.” E aí votam assim. E não vou entrar na questão se isso é ser fiel
ou não, porque muitas vezes o nível de interesses é que move as pessoas em
diferentes ações.
Na semana passada,
nós tivemos a oportunidade de visitar alguns Deputados Estaduais, o atual
Presidente do Sindiágua, Mauri Ramme, do PSB, colocou a necessidade.
Lembro que esta Casa, na Legislatura passada, através do então Vereador e hoje
Deputado Estilac Xavier, fez uma Moção parecida para a garantia da água que foi
aprovada por unanimidade nesta Casa, e a grande maioria dos que votaram são
hoje os Vereadores que continuam aqui nesta Casa. Então, o que mudou? O que
mudou? Tivemos alguma estiagem, Vereador? Mudou, a estiagem tivemos, mas
alterou? Parece que o cheiro da água nos últimos tempos alterou alguma coisa.
Agora, os Vereadores
que, na sua grande maioria, votaram a favor, hoje, parece que são contra.
Então, aqui vai uma questão de coerência, e eu volto a dizer: não compactuo com
o que o Governo Federal fez! Mas sou a favor da preservação. E aqui foi falado
sobre a questão da vida, da valorização da água, que é o bem maior; muitos
falam que, brevemente, não vai levar nem cinqüenta anos, talvez a água seja
mais valorizada do que a gasolina, o óleo diesel, ou seja, o
combustível. Mas a grande realidade é a seguinte: o que eu vou pedir para os
Vereadores e Vereadoras é a coerência. Cada Vereador podia lembrar. Eu lembro
que foi no ano de 2001; em 2001 esta Casa votou, por unanimidade, uma lei do
Vereador Estilac, hoje Deputado Estadual, que preservava a manutenção, a
garantia de Porto Alegre.
Ora, se nós queremos
para Porto Alegre, queremos para o Estado, e eu quero para o Brasil. Eu não
compactuo, mas aqui, como eu tenho esse poder de votar em nome do Partido
Socialista Brasileiro, nós vamos votar a favor desta Moção de Solidariedade.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Elói Guimarães, Presidente da Casa; caros Vereadores, Vereadoras e
público que acompanha os debates desta Casa, um erro não justifica o outro,
Ver. Sebastião Melo. O fato de a Câmara Federal ter aprovado as Parcerias
Público-Privadas e não ter excetuado a água, o fato de o Governo Federal ter
tomado essa iniciativa não quer dizer que nós não possamos construir aqui, no
Rio Grande, outra história. Nós não temos acordo, a nossa Bancada não tem
acordo de que o fornecimento de água possa ser partilhado com a iniciativa
privada - tratamento e fornecimento. Porque a água - isso foi muito repetido
aqui - é um direito de vida do ser humano, é um bem público; portanto, tem de
ser garantida pelo público. E nós assumimos aqui o ônus de ter perdido essa
batalha, mas talvez não perdido a guerra.
Agora, Ver. Sebastião
Melo, assuma aqui a identidade do seu Partido, o PMDB, que compõe o Governo
Federal, que certamente votou a favor das PPPs, que fez muito mais do que isso
aqui no Governo do Estado; muito mais, foi muito mais longe: privatizou a CRT,
a CEEE, as estradas... Teria privatizado o Banrisul, Ver. Nedel, se não
houvesse uma forte reação popular, uma denúncia e uma vitória do Olívio nas
eleições. E, com certeza, o Governador Rigotto e o PMDB estão desdobrando o que
é possível desdobrar do seu programa, sim, que tem um lado, sim, que é o lado
dos grandes. Eu não aceito aqui a ironia ou o cinismo do Ver. Sebastião Melo
criticando o Governo Federal. É o seu Governo, Ver. Sebastião! Ou V. Exª assume
aqui que o PMDB só está lá por cargos, que não assume nenhuma das políticas? É
fisiologista, sim! Ocupa cargos sem nenhum compromisso com programa. Um dos
erros do Governo Lula, na minha opinião - e aqui não falo, talvez, por toda a
Bancada - é essa aliança com o PMDB ou com outros Partidos, que nos fazem
recuar no projeto que foi eleito para este País, recuar em corresponder com a
esperança do povo brasileiro.
Concordar com as PPPs
para a água, por exemplo - eu já não concordo com outras áreas também -,
significa colocar na mão da iniciativa privada, sim, o acesso à água, Ver.
Nedel; porque a iniciativa privada não vai fazer investimentos, se não for para
ter lucro, portanto não vai fornecer água para a pessoa pobre, que não pode
pagar pela água. Significa abrir espaços do Poder Público, de obrigação do
Poder Público para a iniciativa privada. O que aconteceu com a telefonia? Ficou
muito mais cara. O que aconteceu com a energia elétrica? Ficou muito mais cara.
Andem pelas estradas deste Estado para ver o preço dos tais dos pedágios, nas
tais das estradas privatizadas; está caríssimo, só de pedágio se gasta um
horror de dinheiro, sem considerar a gasolina, e isso influencia na nossa
economia, nos transportes, nos produtos.
Portanto, colocar na
mão da iniciativa privada é roubar o direito. Assim como somos contra
privatizar a Educação, que é direito constitucional do ser humano, somos contra
privatizar a Saúde, porque todos têm direito à saúde - e não só quem pode
comprar por ela -, nós somos contra a que a água tenha de ser comprada. Nós
constituímos o público para garantir que todo ser humano tenha dignidade, tenha
vida. Somos contra, portanto, que o Governo Federal tenha concordado com as
PPPs em relação à água; somos contra que, aqui no Rio Grande do Sul, isso
avance. Assuma a sua cara, PMDB, que está legitimamente, genuinamente, operando
essa política. Nós, pelo menos, temos a contradição dentro do Partido e vamos
continuar lutando para manter, minimamente, o acesso a um bem básico, que é
matar a sede.
Não é, Ver. Nedel?
Que aqui dizia que, na Páscoa, precisamos transformar. Nós precisamos é
inverter prioridades, nós precisamos é enfrentar as desigualdades. E essa
mudança tem de acontecer e começa a acontecer nos pequenos gestos: evitar a
privatização da água.
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. MARISTELA
MAFFEI: Solicito verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Visivelmente não há quórum. Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão
às 18h15min.)
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